Não tem lugar mais propício para fazer amigos do que a escola. Que me perdoem todos os outros contextos em que as amizades podem começar, mas a escola é lugar privilegiado.
Quem não se lembra daquele amigo cismado que vivia perguntando coisa descabida na hora da prova? E aquela amigona muito louca que adorava tirar fotos? Tinha também o abraço reconfortante do amigo que sempre segurava a onda das nossas inúmeras decepções.
Na escola, pela diversidade, pela curiosidade, pela necessidade de crescer e encontrar os pares para viver as aventuras, nos deparamos com pessoas cheias de hábitos e comportamentos diferentes dos da gente. Tem aquele amigo de família tradicional cuiabana que guarda os dizeres da cultura de raiz, a amiga atleta, o carinha que fez intercâmbio, escreveu cartas (no tempo das cartas), a super irmã confidente que guarda seus segredos por toda a eternidade e que ri deles até hoje. Todos acabam por ficar guardados nas memórias, e ajudam muito naquele processo adolescente de se construir e se enxergar como gente.
Também reconhecemos os amigos nos professores, orientadores e até nos ficais de pátio, estão todos, em certa medida, alinhados naquele espaço múltiplo. É como se tudo o que ocorresse na escola, ficasse na escola. Há um quê de cumplicidade.
A verdade é que nunca nos esquecemos de quem viveu com a gente muitas das experiências naquele universo escolar. Mesmo que, com o passar dos anos, a amizade se perca. Os anos escolares não seriam tão intensos se neles não tivéssemos amigos. A sala de aula, a frequência, a constância, aquele ver todo dia faz com que possamos aprender muito uns sobre os outros. Passamos a reconhecer hábitos, trejeitos, manias. Conhecemos os pais, os namorados, os crushs e tudo o que faz parte de vida daquele parceiro.
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Evidente que não são apenas flores, existem os valentões incompreendidos, as fofoqueiras que criam histórias para prejudicar aquela menina bonita, o garoto sem-graça que passou a perna no grupo, enfim... há incontáveis situações desconfortáveis.
Mas, em todas elas sempre aparece um amigo que acolhe e conforta nas angústias, a amiga popular que, apesar de durona, tem coração mole e não pode ver maldade que já interfere.
Não importa, na verdade, o quão diferentes podem ser as experiências, sempre há um amigo por perto, inesquecível, cujos primeiros laços se estabeleceram na escola. Lá, na verdade, aprendemos a fazer amigos e podemos levar esse aprendizado para a vida toda.
É claro que muitas dessas pessoas passam por nossas vidas, a maioria não fica para sempre, embora um ou outro permaneça ao nosso lado por toda a vida. O importante mesmo é que eles existiram, estiveram conosco e contribuíram para quem somos hoje.
A amizade é feita de aprendizado, os amigos que ficam são aqueles que aceitam nossas mudanças e cujas inevitáveis mudanças aceitamos também. Aqueles que nos dizem coisas difíceis de ouvir, brigam conosco quando estamos errados e que não soltam nossa mão mesmo que tenhamos muitos defeitos.
Quando crescemos, saímos daquela escola e entramos em outras, a faculdade, a escola de filosofia, o curso de formação em terapia integrativa, as aulas de astrologia, música, jardinagem, confeitaria... e, variando os contextos, seguimos fazendo novos e bons amigos.
Ivo 25/07/2020
Parabéns pelo texto minha amiga, nos fez lembrar dos bons momentos vividos no saudoso Colégio CEI. ????
Carla de Jorge 22/07/2020
Amei o contexto e a suavidade da boa lembrança, realmente os amigos da escola são tão bons porque eram desinterassados, cheios de inocência e verdade... tenho no coração pra todo sempre.
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