CULTURA Domingo, 16 de Agosto de 2020, 11:27 - A | A

Domingo, 16 de Agosto de 2020, 11h:27 - A | A

NOVO NORMAL

Isolamento mexe com a produção literária em Mato Grosso

Divulgação

marli walker

Walker sentiu "travamento" em função do contexto de isolamento

A pandemia de Covid-19 mexeu, de maneira diversa com emoções e o processo criativo de artistas das mais variadas vertentes. Não poderia ser diferente com os escritores. Profissionais na arte de transmitir pensamentos e sentimentos por meio das palavras eles reagiram, cada um a seu modo, ao isolamento social.

“Nas primeiras semanas de isolamento a criação fluiu naturalmente. Acho que não havia a consciência de uma quarentena interminável como a que estamos vivendo. Com o passar do tempo, travei. Não consegui mais encontrar o fio da meada”, conta a escritora e professora Marli Walker.

Apesar desse primeiro impacto ela lançou, no dia 12, o primeiro romance, Coração Madeira e, em breve, lançará o novo livro de poemas, Jardim de ossos, premiado pelo edital Estevão de Mendonça de Literatura.

Para o também escritor e advogado, Eduardo Mahon, a quarentena foi estimulante. “Aprendi com minha mãe que, com um limão, se faz uma limonada. Escrevi um livrinho de contos intitulado O Vírus do Ipiranga e outro de poesia intitulado Medusa de Aço. Aproveitei para ler o que tinha na fila, finalizar o meu texto-base da pós e partir para a próxima pesquisa”, diz, acrescentando ainda a continuação da Revista Pixé, que não deixou de circular durante a pandemia.

Já a escritora Marta Cocco se viu inspirada a escrever poemas que, segundo ela, “expressam nossa sensação de fragilidade diante de um inimigo potente e invisível”, mas admite que esse período, por alguns momentos, bloqueou as condições de produção literária “por conta de um certo pânico de viver em isolamento”, frisa.

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Marta Cocco

Cocco inseriu o vírus em seus poemas

Projetos em andamento tiveram que ser suspensos. Mahon havia previsto o lançamento do romance Mea Culpa, além da apresentação da peça teatral No domingo, ele vem nos visitar, em comemoração aos 25 anos de produção da escritora Lucinda Persona com direção de Luiz Marchetti. “Vamos retomar a ideia assim que esse pesadelo passar. Não há mal que nunca se acabe”, observa.

Marli adiou o lançamento do livro Coração Madeira, previsto para julho, o que aconteceu online no dia 12 no canal da editora Carlini e Caniato, na plataforma YouTube.

Marta Cocco também previa a publicação de um livro o que deve acontecer, segundo ela, até o fim deste ano.

Se por um lado a pandemia causou angústias e medos, por outro o isolamento social involuntário fez com que a busca pela arte – música, cinema, literatura – aumentasse. “Acredito que este seja um período em que a arte volte a ocupar o lugar de alimento, de refúgio, espaço de alento e esperança”, diz Marli.

“As pessoas se deram conta de quem não podem viver sem arte. Em casa, começaram a ver mais filmes e ler mais livros”, observa Mahon. “A literatura serve para a educação, para a saúde mental, para outras atividades relacionadas à arte e inúmeras profissões. Mas a literatura ‘serve’ para emocionar. Se não afetar o íntimo do leitor, não serve para nada”, acrescenta.

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marli walker

 Para Mahon, pessoas perceberam que não podem viver sem a arte

A expectativa dos escritores é que a literatura continue sendo valorizada no chamado “novo normal” e a busca por livros, informação e conhecimento aumente. “É por meio da literatura que posso viver outras vidas, estar em outros espaços, conhecer outros tempos e me reelaborar e reposicionar ante o mundo e a mim mesma, constantemente”, frisa Marli Walker.

Na opinião de Mahon a circulação de livros será impactada com o potencial do universo online descoberto durante a pandemia. “O Brasil já se deu conta do futuro digital das compras, dos lançamentos, da divulgação em geral. Precisamos, no entanto, dar um passo tecnológico importante estimulando a interação da literatura com outras plataformas”, finaliza. 



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