O Google lançou nesta quinta-feira (12) no Brasil o Bard, chatbot de inteligência artificial generativa da empresa, dois meses após um lançamento global que deixou apenas o país e a União Europeia de fora.
Além do português, a ferramenta estará disponível em 40 idiomas, incluindo espanhol, alemão e chinês antes, havia respostas apenas em inglês, coreano e japonês.
O Bard foi anunciado pela big tech em fevereiro deste ano, poucos meses depois do lançamento explosivo do ChatGPT, da OpenAI, que se tornou o parâmetro das aplicações práticas de IA. Segundo o Google, as pesquisas pelo assunto dobraram no Brasil nos últimos 12 meses.
A empresa ainda disse que a demora para a chegada do produto no país não tem relação com as discussões locais sobre regulação da inteligência artificial e das big techs, como o PL das Fake News. Mas sim com o tempo necessário para traduzir e ajustar o robô para outras línguas.
O lançamento do Bard para usuários dos Estados Unidos e do Reino Unido ocorreu em março, um mês depois do anúncio. No evento anual Google I/O, em maio, o produto chegou em inglês a 180 países.
Na América Latina, Argentina, Bolívia, Chile, Equador, México, Paraguai e Peru estavam entre os países com acesso à ferramenta em inglês em maio. Entre os países lusófonos, Moçambique e Angola, por exemplo, também podiam acessar o produto naquele mês.
O Brasil e o bloco europeu têm em comum o fato de travarem embates com as big techs em temas regulatórios. O lançamento nos 27 países da União Europeia também ocorreu nesta quinta (13).
O lançamento do Bard tampouco ocorreu no evento Google for Brasil. Na ocasião, o presidente da empresa no país, Fabio Coelho, negou que o atraso tenha a ver com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
"As nossas soluções de IA generativa vão chegar ao Brasil ainda neste ano. A gente está passando por um processo de curadoria, de análise, de aperfeiçoamento para que isso chegue bem ao Brasil", disse.
Em comparativo realizado pela Folha entre os três chatbots de IA generativa mais populares no momento, Bard, Bing e ChatGPT, o produto do Google se saiu melhor em termos de defasagem das informações, raciocínio e consistência.
Naquele momento, o chatbot não respondia em português, e os modelos de linguagem, no geral, respondem melhor a pedidos em inglês, por conta da quantidade de dados disponíveis na internet.
NOVOS RECURSOS
O Google também anunciou que o Bard receberá novos recursos que estarão disponíveis logo no lançamento do produto no Brasil.
A plataforma terá uma coluna com os assuntos recentes, como no ChatGPT, em que será possível fixar as conversas desejadas. Também vai ganhar o recurso de resposta em voz alta (text to speech), com o qual o usuário poderá escutar uma gravação em áudio da resposta dada pelo Bard.
O usuário também vai poder compartilhar respostas e exportar códigos de programação em Python para a plataforma Replit.
Disponível apenas em inglês por enquanto, o Bard também vai ganhar um botão que permite modificar as respostas reduzir, aumentar, simplificar, tornar mais casual ou profissional, e compatibilidade com o Google Lens.
AÇÕES DA ALPHABET DISPARAM
As ações da controladora do Google, Alphabet, avançavam mais de 4% nesta quinta-feira, após o anúncio do lançamento do Bard na Europa e no Brasil, o que aliviou preocupações com questões regulatórias no exterior.
Por volta de 14:15 (de Brasília), os papéis eram negociados a US$ 124,20 (R$ 596,56), em alta de 4,43%, a caminho de seu maior ganho percentual em um dia desde o início de fevereiro, quando anunciou o produto. As ações também atingiram seu ponto mais alto desde meados de junho durante a sessão, chegando a US$ 124,83 (R$ 599,58).
O lançamento da Bard na União Europeia estava sendo represado até agora pelos reguladores locais de privacidade, mas o Google disse que se reuniu com autoridades para tranquilizá-las sobre questões relacionadas à transparência, escolha e controle.
Danni Hewson, chefe de análise financeira da empresa de investimentos AJ Bell, atribuiu o rali desta quinta-feira (13) ao lançamento do serviço na Europa e no Brasil e à expansão da Bard para novos idiomas.
"Houve algumas preocupações sobre dados, sobre privacidade. Claramente, eles conseguiram tranquilizar os reguladores europeus sobre essas questões, o que apenas abre caminho para mais vantagens", disse Hewson.
Art Hogan, estrategista-chefe de mercado da B Riley Wealth, também atribuiu o rali desta quinta-feira ao lançamento da Bard na Europa e no Brasil, que, segundo ele, "marca a expansão mais significativa do produto desde o lançamento em fevereiro e o coloca contra a Microsoft".
As ações da Alphabet, que tiveram um grande impulso com o entusiasmo dos investidores em relação à inteligência artificial generativa desde fevereiro, subiram cerca de 41% até agora este ano. As ações da Microsoft, apoiadora do rival ChatGPT, valorizaram-se 42%.