Presidência da República/Divulgação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a ameaça do governo de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% a produtos brasileiros nos Estados Unidos como "chantagem inaceitável", em pronunciamento transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão. As informações foram divulgadas pelo jornalista Welton Máximo, da Agência Brasil. O presidente afirmou que o Brasil responderá com diplomacia e multilateralismo diante das medidas tarifárias.
Em sua fala, o presidente ressaltou a separação dos Poderes, declarando que "No Brasil, ninguém — ninguém — está acima da lei". Ele acrescentou que as instituições atuam para proteger a sociedade de discursos de ódio e anticiência difundidos nas redes digitais, visando à proteção das famílias brasileiras contra indivíduos e organizações que se utilizam dessas redes para promover golpes, fraudes, crimes de racismo e incitar violência.
Lula destacou a independência do Judiciário brasileiro, afirmando que não pode interferir em decisões de outros Poderes. O presidente declarou: "Contamos com um Poder Judiciário independente. No Brasil, respeitamos o devido processo legal, os princípios da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa. Tentar interferir na justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional".
O presidente enfatizou que o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo, com negociações em andamento desde maio, quando os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 10% aos produtos nacionais. No entanto, o retorno foi uma "chantagem inaceitável", conforme suas palavras, que "veio em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos". Lula mencionou que o governo está em diálogo com setores produtivos, sociedade civil e sindicatos.
Lula expressou indignação com o apoio de alguns grupos políticos brasileiros ao ataque tarifário dos EUA. "Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria", disse. O presidente também abordou a fiscalização de plataformas digitais estrangeiras, afirmando que "A defesa da nossa soberania também se aplica à atuação das plataformas digitais estrangeiras no Brasil. Para operar no nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras são obrigadas a cumprir as regras". Ele defendeu o Pix, declarando: "O Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo, e vamos protegê-lo".
Para refutar as alegações norte-americanas sobre práticas comerciais desleais, o presidente apresentou dados, indicando que os Estados Unidos acumulam um superávit comercial de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos. Em relação ao desmatamento, Lula informou que o Brasil reduziu pela metade o desmatamento na Amazônia em dois anos. Ele concluiu o pronunciamento afirmando que "Não há vencedores em guerras tarifárias" e que o Brasil é um país de paz, acreditando no multilateralismo, finalizando com a declaração: "o Brasil tem um único dono: o povo brasileiro".
