Em um evento no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 15 de outubro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas diretas à composição do atual Congresso Nacional. A cerimônia contou com a presença de diversas autoridades, incluindo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que estava ao lado do presidente no momento das declarações.
Durante seu discurso, Lula afirmou que o Congresso atual apresenta uma qualidade inferior a legislaturas anteriores. Dirigindo-se a Motta, o presidente disse: "o Hugo é presidente desse Congresso, ele sabe que esse Congresso nunca teve a qualidade de baixo nível como tem agora".
O presidente também fez uma menção específica à composição ideológica de parte do parlamento, declarando que "aquela extrema-direita que se elegeu na eleição passada é o que existe de pior".
O evento foi marcado por manifestações do público. No momento em que Hugo Motta iniciou sua fala, parte dos presentes o vaiou, entoando gritos de "sem anistia". Os gritos fazem referência a um projeto de lei que tramita na Câmara e que busca conceder anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, incluindo ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em reação às vaias, o presidente Lula levantou-se e se posicionou ao lado de Hugo Motta, permanecendo em pé junto ao presidente da Câmara até o final de seu pronunciamento. Ambos mantiveram uma postura serena durante as manifestações do público.
Em seu discurso, Motta não mencionou a questão da anistia. O presidente da Câmara focou sua fala na área da educação, destacando a aprovação do Sistema Nacional de Educação e o recebimento do texto do Plano Nacional de Educação pela Casa. Ele também elogiou o presidente da República, referindo-se a ele como "sem dúvida alguma o presidente que mais fez pela educação no Brasil".
Ainda em sua fala, Lula direcionou uma mensagem aos eleitores sobre a importância das próximas eleições. "É vocês que vão ter que saber qual é o senador que vocês vão eleger, deputado federal, estadual, porque é isso que é a cara do Congresso Nacional. É o resultado da consciência política que vocês tiveram no dia das eleições. Depois não adianta reclamar", afirmou.
As declarações ocorrem em um cenário de relações tensas entre os poderes Executivo e Legislativo. Em junho deste ano, por exemplo, a Câmara dos Deputados derrubou um decreto do governo que aumentava a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A derrubada da medida contou com 243 votos de deputados de partidos que compõem oposição ao governo.
Outro episódio de tensão ocorreu em agosto, quando parlamentares da oposição ocuparam a Mesa Diretora do Congresso Nacional, paralisando temporariamente os trabalhos legislativos. O protesto foi uma reação à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de decretar prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro, no âmbito das investigações sobre os atos de 8 de janeiro.
Em meio a esse cenário, o presidente Lula já havia sinalizado a intenção de buscar uma reaproximação. Em julho, ele afirmou que, após retornar de agendas internacionais, pretendia conversar com os presidentes da Câmara e do Senado para "voltar à normalidade política". O episódio desta quarta-feira no Rio de Janeiro, no entanto, evidencia a complexidade e os desafios contínuos na relação entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional.






