NOTICIÁRIO Terça-feira, 24 de Junho de 2025, 08:06 - A | A

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COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

Polícia Civil mira quadrilha que desviou mais de R$ 20 milhões em grãos em MT

Da Redação com Assessoria

PJC

Operação Safra 3

 

A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), deflagrou na manhã desta terça-feira a terceira fase da "Operação Safra". A ação tem como alvo uma organização criminosa especializada no furto e desvio de cargas de soja e milho, que teria causado um prejuízo estimado em mais de R$ 20 milhões a produtores e empresas do agronegócio no estado. As informações foram divulgadas em um comunicado oficial da assessoria de imprensa da Polícia Judiciária Civil (PJC).

Nesta etapa da investigação, o foco principal é o núcleo financeiro do grupo, responsável por administrar e lavar o dinheiro obtido com as atividades ilícitas. Ao todo, estão sendo cumpridos 63 mandados judiciais, expedidos pela 5ª Vara Criminal da Comarca de Sinop. As ordens incluem 19 mandados de busca e apreensão, 22 bloqueios de contas bancárias, 5 ordens de indisponibilidade de bens imóveis e o bloqueio de 17 veículos. As diligências policiais ocorrem simultaneamente nas cidades de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sapezal, Tangará da Serra e Cuiabá, com apoio das delegacias locais.

Segundo a PJC, os alvos são investigados pelos crimes de organização criminosa, furto qualificado, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. O objetivo desta fase é asfixiar financeiramente a quadrilha, apreendendo bens e bloqueando valores que teriam sido adquiridos com os lucros dos desvios de grãos.

O esquema de desvio

As investigações da GCCO revelaram um modus operandi sofisticado e bem estruturado. O grupo criminoso aliciava funcionários de grandes fazendas produtoras, como balanceiros, gerentes e operadores de carga. Com a colaboração interna, caminhões da quadrilha entravam nas propriedades de forma clandestina, sem a emissão de notas fiscais ou qualquer registro oficial de transporte.

Uma vez dentro das fazendas, localizadas em regiões estratégicas de produção como as que abrigam as fazendas Guapirama, Sulina, Colorado, Kesoja e Fazenda Feliz, os veículos eram carregados diretamente dos silos. Em seguida, as cargas furtadas eram transportadas para uma empresa sediada em Cuiabá, que, segundo a polícia, já havia sido alvo na segunda fase da operação. Nesse local, os grãos eram "esquentados", ou seja, reinseridos no mercado legal por meio da emissão de notas fiscais falsas, o que dava uma aparência de legalidade à mercadoria roubada.

O delegado responsável pela investigação, Gustavo Belão, afirmou no comunicado que o prejuízo identificado apenas nesta fase da apuração, envolvendo o furto direto de fazendas, já alcança R$ 4,5 milhões. Contudo, ele ressalta a dificuldade em mensurar a totalidade do dano. "O dano real pode ser incalculável, considerando que grande parte das cargas subtraídas não foi registrada oficialmente, o que impossibilita a aferição exata da quantidade de grãos desviados ao longo do tempo", explicou o delegado, conforme nota da assessoria.

Prejuízo milionário e histórico da operação

O valor total de R$ 20 milhões em prejuízos, informado pela Polícia Civil, é a soma dos danos apurados nas três fases da Operação Safra. Nas duas primeiras etapas, a investigação identificou o furto de pelo menos 152 cargas, totalizando mais de seis milhões de quilos de grãos. O prejuízo para transportadoras e seguradoras, naquele momento, ultrapassou os R$ 16,3 milhões.

Com o avanço das apurações, a GCCO conseguiu identificar não apenas o operador financeiro do esquema, alvo principal da ação desta terça-feira, mas também novos furtos que vitimaram diretamente as fazendas, somando os R$ 4,5 milhões mais recentes à conta da organização criminosa.

A "Operação Safra" é um trabalho de investigação de longo prazo. A primeira fase foi deflagrada em julho de 2021, quando a GCCO desmantelou um núcleo do grupo baseado em São Paulo que atuava em Mato Grosso e outros estados. Já a segunda fase, em setembro de 2022, deu continuidade ao trabalho investigativo, com foco em desarticular grupos que atacam o agronegócio, principal motor da economia mato-grossense, conforme destacou a assessoria da PJC.



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