NOTICIÁRIO Sexta-feira, 14 de Agosto de 2020, 11:10 - A | A

Sexta-feira, 14 de Agosto de 2020, 11h:10 - A | A

INTERDEPENDÊNCIA

"Redes sociais ainda dependem das mídias tradicionais", avalia Camargo

Pesquisa Kantar Ibope divulgada em março deste ano revela que a TV lidera como a mídia mais confiável no país, com índice de 61%, seguida do jornal impresso (56%) e rádio (50%). Os canais menos confiáveis, de acordo com o levantamento, estão nas redes sociais. O WhatsApp como fonte confiável teve índice de rejeição de 58% e o Facebook 50%. O estudo mostrou ainda que 92% das pessoas confiam nas informações dos meios de comunicação.

É dentro desse cenário que irão trabalhar os comunicadores (publicitários, jornalistas, marqueteiros etc.) envolvidos com as eleições municipais que acontecem em novembro. A pandemia de Covid-19 virou o ano de 2020 de cabeça para baixo mudando hábitos, comportamentos, atitudes, sentimentos e o isolamento social agora dita as regras. Sendo assim, as mídia sociais serão o principal canal de comunicação entre o candidato e o eleitor e já estão sendo vistas pelos marqueteiros como uma ferramenta imprescindível nas campanhas.

“Isso traz uma série de preocupações. Uma boa campanha tem que ter um bom candidato, boa equipe, ferramentas como pesquisa e acompanhamento para entender o humor do eleitor e ir equacionando os problemas conforme eles vão surgindo. É preciso que a conjuntura política ajude ou que se encontre um caminho de ela ficar a favor do candidato”, observa o jornalista Mauro Camargo que participou do ciclo de debates realizado pela Lêmure Comunicação.

Mauro afirma não ter dúvida da importância das redes sociais e como elas hoje são capazes de influenciar as pessoas, mas é preciso ter cautela justamente por conta da perda de credibilidade desse meio de comunicação ao longo dos últimos anos, mais especificamente de 2018 para cá em se tratando de Brasil.

“Isso é consequência do que está acontecendo hoje no mundo inteiro, não apenas no país. As redes sociais acabaram sendo muito mal utilizadas ou utilizadas de uma forma não muito ética. Claro que são uma ferramenta importantíssima, mas devem ser exploradas com responsabilidade”, afirma.

Na opinião do jornalista, o surgimento de milícias virtuais, a proliferação de fake news, o surgimento de empresas especializadas em distribuir notícias falsas em massa e a troca de ataques que substituiu os debates equilibrados nas redes levaram a essa situação atual.

Nesse cenário, o que se vê nos dias de hoje são tentativas, inclusive em esferas federais como o Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional, de combate à desinformação que circula no universo virtual. Em um ano com pandemia de Covid-19 e eleições, a busca pela informação correta, isenta e verdadeira deve ser uma prioridade.

“A discussão do processo eleitoral dentro das redes sociais vem acontecendo desde a campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, mas precisa ser aprofundada”, lembra Mauro Camargo. “As redes sociais permitem interação, questionamento, aproximação do eleitor com o candidato. São uma ferramenta fantástica, mas precisam recuperar a credibilidade”, frisa.

Nessa hora os comunicadores (entre eles os jornalistas, responsáveis por produzir as notícias) têm papel fundamental. Segundo Camargo, as pessoas estão muito sensíveis, o país passa por um momento muito peculiar, com divisões internas e extremismos, o que é ruim para todos os brasileiros.

“O jornalista tem que ter o compromisso de fortalecer as redes sociais com a verdade, com informação correta e de qualidade. O processo de construção democrática do Brasil, sob o ponto de vista histórico, é muito recente. Credibilidade é isso, todos precisamos ajudar”, salienta Mauro Camargo.

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A ausência de regras bem definidas fazem das redes sociais uma “terra sem lei”, o que não significa que está aberta a temporada do vale tudo.

“As campanhas têm que trabalhar dentro dessa ótica da verdade, com compromisso ético, até porque precisamos respeitar o eleitor, o cidadão. Como ele vai fazer as melhores escolhas em cima de mentiras?”, questiona o jornalista. “A mentira se revela sozinha, não precisa muito esforço. Hoje há um volume muito grande de informação disponível e muita gente ainda não consegue discernir o que é falso e o que é verdadeiro. Estamos num processo de transição, mas é um caminho sem volta”.

Ainda que as redes sociais ganhem papel de destaque nas próximas eleições, não se pode perder de vista a importância das outras mídias. Para Mauro Camargo, é um engano acreditar que a eleição está ganha apenas com o uso de Facebook e Instagram, por exemplo.

“Ajuda muito, mas ainda há uma dependência da mídia tradicional como TV e rádio, este último dando um show de audiência por conta da sua repercussão e credibilidade. Deve-se buscar o equilíbrio”.

O importante, segundo o jornalista, é se comunicar. E fazer isso de maneira ética e verdadeira. “Comunicação não é luxo, é o esteio da democracia. A comunicação tem muita relevância como, por exemplo, na diminuição do número de portadores do vírus HIV, no alerta da população para os cuidados com a dengue, na redução dos acidentes de trânsito e, mais recentemente, em relação à pandemia de Covid. Se não houvesse comunicação a tragédia seria ainda maior. O que salva a vida das pessoas é ter informação”, acredita.

Trajetória

Em Mato Grosso desde 1985, Mauro Camargo foi repórter, editor e/ou apresentador nas principais emissoras de televisão de Cuiabá (TVCA, TBO, TV Gazeta). Repórter, editor e articulista nos jornais Correio de Mato Grosso, O Estado de Mato Grosso, Jornal do Dia e na revista Contato. Trabalhou nas rádios Industrial, Vila Real e CBN Cuiabá.

A primeira campanha política da qual participou teve Roberto França como candidato à prefeitura de Cuiabá, em 1988. Desde então integrou equipes de campanhas de nomes como Dante de Oliveira, Wilson Santos e Nilson Leitão, entre outros.

“Não me considero marqueteiro, embora por vezes tive o atrevimento de desempenhar essa função em campanhas”, conta Mauro. “Sou jornalista formado em redações e, por conta do jornalismo, tive essa vivência política”. 

Em 1990 ajudou a fundar o jornal A Gazeta onde atuou como secretário de redação até 91, assumindo, em seguida, o cargo de diretor de redação até 1996, quando deixou o jornal para comandar a Secretaria de Estado de Comunicação, no governo Dante de Oliveira.

“Fazer a primeira entrevista com Dante foi uma realização por conta da sua história em defesa da democracia. Daí nasceu uma grande amizade que durou até a sua morte. Foi um grande aprendizado”, conta o jornalista.

Um ano mais tarde retornou ao Grupo Gazeta de Comunicação, para dirigir a TV Gazeta (hoje TV Vila Real) e conduzir a reforma gráfica e editorial do jornal A Gazeta, que passava a ter impressão a cores. Foi diretor de redação de A Gazeta até 2000, passando a responder pela Diretoria de Projetos Especiais do jornal, até 2002. Nesse período, foi responsável pela implantação do portal Gazeta Digital.

Entre 2003 e 2005 teve participação societária na DataMKT, empresa especializada em pesquisa de opinião e consultoria em marketing empresarial e político. Fundou a Antecipar Consultoria e Comunicação Estratégica e o site PnB Online, em 2006, juntamente com os jornalistas Antero Paes de Barros e Pedro Pinto de Oliveira. Em 2012, Mauro Camargo retornou para o Grupo Gazeta de Comunicação, como diretor de redação de A Gazeta, cargo que ocupou até janeiro de 2017, quando assumiu o portal Hipernotícias em sociedade com a jornalista Cláudia Cadore.

No final de 2018 deixou a sociedade no Hipernotícias para dedicar-se ao Blog do Mauro e atuar como comentarista na Rádio Capital FM 101.9.

Em 2019, Mauro Camargo assumiu novamente o cargo de secretário de Comunicação, desta vez do governo Mauro Mendes. Atualmente, o jornalista se dedica ao Blog do Mauro e à participação, como comentarista, do programa Estúdio ao Vivo, da TV Cidade Verde/Rádio Band.

A live é um ciclo de debates que acontecerá ao longo de duas semanas e conta ainda com as participações da jornalista e consultora de imagem, Tatiane Salles e a repórter e assessora de imprensa Ana Paula dos Santos. As lives acontecem a partir das 20h, no perfil do Instagram @lemureresolve.



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