NOTICIÁRIO Quarta-feira, 15 de Julho de 2020, 11:28 - A | A

Quarta-feira, 15 de Julho de 2020, 11h:28 - A | A

SUBNOTIFICAÇÃO EM MT

Secretário diz que pelo menos 300 mil pessoas já se infectaram pela Covid

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (15), o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, afirmou que Mato Grosso ainda não chegou ao pico do número de infecções e que o número de infectados é muito maior que os 29 mil oficialmente registrados. “Estes são os que testaram e passaram por registro. Muito provavelmente esse número é 10 vezes maior porque ainda há os assintomáticos. Mais ou menos 300 mil pessoas já foram infectadas no estado. Podemos assegurar que 16% da população foi infectada, mas é pouco para chegar no pico, no platô”, frisou Figueiredo.

O gestor se disse bastante pessimista quanto à evolução do novo coronavírus no estado por conta da baixa adesão da população ao isolamento social. Segundo ele, ainda há uma curva ascendente que deve continuar aumentando até alcançar um platô e uma queda, que por sua vez será bastante lenta.

“Vamos conviver com a pandemia até outubro, novembro. Essa é a opção que a população está fazendo e as decisões demandadas do poder Executivo não têm sido eficazes no sentido de fazer uma quarentena perfeita e o isolamento social como precisamos”, afirmou.

Para ele, o mais importante nesse momento em que Mato Grosso é um dos estados com maior número de infectados é a população se conscientizar sobre a importância de desacelerar o ritmo de contágio para haver capacidade de atendimento hospitalar a todos os que precisarem dele.

“Não é decreto sozinho que faz efeito, mas a população continua desrespeitando e por isso faltam leitos para atender quem precisa. A pandemia vai estar presente em nossa vida com bastante frequência até o final desse ano com uma queda gradual muito lenta”, vaticina.

Volta às aulas e eleições

Figueiredo se disse bastante preocupado com as discussões sobre a volta às aulas presenciais e as eleições de final de ano. “Com a volta das aulas presenciais a coisa vai piorar muito, vamos ter que chorar no falecimento de crianças que, nesse momento, estão percentualmente protegidas”, alertou.

Com relação às eleições municipais, que acontecem em 15 de novembro, o secretário diz ser um risco por conta do comportamento, tanto dos candidatos quanto dos eleitores. Apesar de haver ferramentas online para as campanhas, ele afirmou já ter recebido diversas denúncias de pré-candidatos realizando eventos com aglomeração de pessoas.

“Vamos entrar num período bastante complicado e eleição é mais um ingrediente nesse aspecto. Começamos a viver um momento de piora na qualidade do ar no estado, com queimadas e baixa umidade, o que contribui para incremento das doenças respiratórias”.

Vagas de UTI

Com uma taxa de ocupação de leitos de UTIs em 93%, segundo boletim epidemiológico divulgado nesta terça-feira (14), o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, anunciou a abertura de mais 34 leitos, sendo 20 na Santa Casa em Cuiabá, 9 no Hospital Regional de Sinop e 5 no Hospital São Luiz, em Cáceres, todos exclusivos para atendimento a pacientes vítimas da Covid-19. Em entrevista nesta quarta-feira (15), Figueiredo também cobrou da Prefeitura de Cuiabá a disponibilização dos 20 leitos no Hospital de Referência (antigo Pronto-Socorro municipal) à Central de Regulação.

“Continuamos com força tarefa de ampliação dos leitos de UTI, especialmente no interior. Até o final dessa semana entram em operação dez leitos em Campo Verde, 10 em Pontes e Lacerda, 10 em Água Boa, 10 em Peixoto de Azevedo e, até dia 27, estamos contratualizando com um hospital privado de Nova Mutum outros 29 leitos de UTI”, disse. Há ainda 10 leitos em adaptação em Confresa e, com isso, até o início de agosto o estado terá mais de 150 novos leitos de UTI para atender a população.

No entanto, Figueiredo foi enfático em afirmar que a redução de novas mortes pelo coronavírus não necessita exclusivamente da abertura de leitos de UTI. “Estatisticamente um percentual de pessoas infectadas irá a óbito porque ainda não existe um medicamento específico. Os médicos tentam salvar os paciente, mas 40% das pessoas que são entubadas acabam não resistindo, especialmente os de idade mais avançada e com comorbidades”, ressalta. “Estamos perdendo pessoas porque não existe, em nível mundial, um tratamento específico”, completa.

O secretário frisa que, por mais que sejam abertos e disponibilizados novos leitos de UTI, a única maneira de ajustar o índice de crescimento da infecção e, consequentemente, a capacidade hospitalar é fazer o controle do isolamento social.

“Isso estamos perdendo, não estamos conseguindo. A interiorização da pandemia está acontecendo e estamos nesse circuito agora. Precisava haver uma quarentena eficiente, mas não temos conseguido”, afirmou o gestor ao citar que as melhores taxas de isolamento são alcançadas nos finais de semana, com 50% das pessoas em casa. “Ao longo da semana esse número cai para 35%, é sofrível. Demonstra que as pessoas estão circulando e não estamos conseguindo graduar a infecção para que esteja alinhada à capacidade assistencial dos hospitais”. 

Estrutura e médicos

Em outra iniciativa para conter a disseminação da doença o governo vai abrir o Centro de Triagem da Covid-19, na Arena Pantanal, para a detecção e tratamento precoce do coronavírus em adultos. A data de abertura ainda não foi anunciada.

Outro problema enfrentado é a carência de profissionais. De acordo com o secretário, cada 10 leitos de UTI demandam cerca de 60 profissionais capacitados a operar os equipamentos.

“Existe um colapso de número de profissionais disponíveis e falta de medicamentos no Brasil inteiro, por isso é difícil ampliar de forma rápida número de leitos. É muito mais fácil conter o ritmo de infecção segurando as pessoas em isolamento. O problema não é financeiro, mas de provimentos”, observa. “Não existem profissionais em abundância, equipamentos em abundancia necessária, por isso que colapsa. Até quem tem bom plano privado está sujeito a não ter um leito quando precisar. Muita gente com sede com pouca água, é isso que a população precisa entender. Covid não está escolhendo cor dos olhos e renda”.

Para suprir a carência de profissionais de saúde, Figueiredo afirma que há várias iniciativas sendo tomadas, entre elas a contratação de médicos vindos de outros estados mas, ao mesmo tempo, há um grande índice de contaminação dos profissionais. “Isso ocorre todos os dias, tem gente chegando, mas talvez não o volume que gostaríamos que fosse o ideal”.

Uma das formas de tentar solucionar esse problema é contratar profissionais brasileiros formados no exterior. O gestor afirma que deve se reunir com o reitor da UFMT, Evandro Soares, para discutir a realização da última etapa do Revalida para aumentar ainda mais a oferta dos profissionais da saúde.

Outro lado

Com relação à disponibilização dos 20 leitos de UTI, a Prefeitura de Cuiabá informa que os mesmos foram liberados para a Central de Regulação na segunda-feira (13) e, no mesmo dia, receberam pacientes. De acordo com a assessoria, há ainda outros 20 leitos exclusivos para Covid-19, também no Hospital Referência, que aguardam as bombas de infusão para serem abertos.



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