
SÃO PAULO, SP, (Folhapress) - A coreógrafa Deborah Colker afirmou hoje que a tentativa da companhia aérea Gol de barrar ela e a família de um voo devido à uma doença de pele do neto foi uma ação "nitidamente discriminatória, preconceituosa" e que foi provocada pelo despreparo dos funcionários. Théo, que fará 4 anos amanhã, estava com a avó, a mãe e o pai quando foi vetado num voo de Salvador para o Rio de Janeiro por ser portador de uma doença congênita chamada epidermólise bolhosa, que causa erupções na pele. A doença, porém, não é contagiosa. "Houve um total despreparo, uma total falta de profissionalismo e uma total falta de cuidado de lidar com a família e uma criança de 4 anos que presenciou uma ignorância, estupidez total já dentro do avião", afirmou Colker à reportagem. O avião sairia de Salvador em direção ao Rio de Janeiro, ontem, quando um comissário os abordou já dentro da aeronave e perguntou sobre a doença da criança, e exigindo um atestado para permitir a permanência do menino. Segundo Deborah, os detalhes da doença já tinham sido dados no momento do check-in. "Tínhamos explicado no check-in que não é contagioso, é uma doença de pele e que ele já viajou de avião várias vezes. Na última sexta-feira, ele foi para Salvador de Gol e agora estava voltando. Ele tem um pai baiano que mora no Rio e que tem uma filha que mora naquele Estado, então é normal pra ele viajar". Deborah ainda completou "na ida não precisou [de atestado]. Que abordagem é esse? Que critério é esse? Tinha uma médica no avião, veio um médico da Infraero e mesmo assim foram duas horas no avião. É preciso preparo [dos funcionário], principalmente no caso de uma companhia importante, séria". Em nota, a Gol afirma que "preza pelo respeito aos clientes e as normas de segurança. Em relação ao voo G3 1556 (Salvador/BA - Rio de Janeiro / RJ), esclarece que está analisando o ocorrido e tomará as medidas cabíveis." A Anac afirma que, pelo Código Brasileiro de Aeronáutica, o piloto é autoridade em voo. Pela norma, "o Comandante exerce autoridade sobre as pessoas e coisas que se encontrem a bordo da aeronave e poderá desembarcar qualquer delas, desde que comprometa a boa ordem, a disciplina, ponha em risco a segurança da aeronave ou das pessoas e bens a bordo e tomar as medidas necessárias à proteção da aeronave e das pessoas ou bens transportados".
Processo Deborah afirmou que vai processar a Gol pelo constrangimento sofrido durante a viagem. `Lógico que vamos recorrer à Justiça. Pretendo processá-los e que todo o dinheiro desse processo seja revertido à pesquisa genética e que siga de exemplo para que não aconteça com mais ninguém. Tenho essa obrigação ética como avó, como mãe." "Tinha dois policiais na porta do avião. A ideia era nos retirar da aeronave. Retirar o monstro de uma criança de quatro anos que tinha uma aparência estranha. Tenho que denunciar isso", afirmou a coreógrafa. "Ele falou "vó tava todo mundo falando de mim e olhando pra mim". Ele é um guerreiro. Quem o conhece sabe que ele é uma criança exemplar", completou Deborah, que destacou ainda que os passageiros que estavam no voo foram solidários e também reclamaram do comportamento da tripulação.