Tudo se fala sobre o corpo. Da publicidade à religião, nas redes sociais ou nos estudos científicos, nas cantadas de rua ou cantado em prosa e verso, é objeto de estudo, inquietação, inspiração e polêmica.
O corpo é político, em sua nudez ou no extremo recato. Com e por ele, alianças e negociações se fazem, impérios ascendem e entram em ruínas. O corpo conquista. O corpo é poder.
Capaz de tanto em seus extremos, seja nas deficiências ou no alto desempenho, é instrumento de superação, que oferece a experiência olimpiana dos semideuses, que desconhece limites, realiza prodígios. Emociona.
É sábio em seus ciclos, seguindo tão somente as leis naturais, respeitoso diante do tempo, esse senhor implacável. Hábil em se regenerar para seguir adiante, resiliente, adaptável. O corpo é valente.
O corpo também é prazer, em estímulos e alimento para os sentidos, em partes que se tocam, se atritam, em sons que se emitem e ouvem, aromas e odores que se liberam. O corpo seduz, sutil ou declaradamente, promete falando baixinho e, por fim, grita, ávido, consumido e consumado. Transpira, arrepia, goza, explode sem culpa, sem pecado, em intensidade.
Democrático na beleza de seu arco-íris sem fim de tons, tamanhos e formatos, em suas curiosas e fascinantes diferenças. O corpo é profano, afrontoso, transgressor quando não cabe em si. Cis, trans, fluido, de todos e para todos. É multidão. É livre!
É amor quando gera, acolhe e nutre a vida. Sagrado, abençoado, presente que os deuses nos emprestam. O centro de nosso pequeno e próprio universo.
Para o corpo, não há falhas nem pecados. Não há certo nem errado. Há o que há, naturalmente incorporado. Perfeito.