A influenciadora digital e hoje vereadora por Cuiabá, Maysa Leão (Republicanos) está imersa na política partidária há dois anos e confessa: a caminhada ainda é muito difícil para as mulheres nesse universo. Em 2020, ela disputou uma vaga na Câmara Municipal de Cuiabá, mas ficou como suplente. Passados dois anos, resolveu concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa. Conquistou 8.275 votos e novamente ficou na suplência.
“Nessa caminhada, nesses 2 anos, eu vejo que ser mulher é ser um corpo estranho na política. Então já começa por aí. Normalmente a pessoa olha a mulher e procura se ela é assessora de imprensa, se ela está com algum candidato. Você representa quem? E aí quando você diz: represento eu mesma, represento a população, sou a candidata já é uma expressão de surpresa. Outra coisa é participar da montagem de chapa, da divisão de verbas, da política dos bastidores. Para uma mulher participar dessa política ela precisa de muita força. Vejo hoje que muita gente se inspira em mim porque de certa forma tenho essa força de sentar a mesa com grandes figuras e dizer quero ser ouvida, quero pautar, não quero só ser pautada. E percebo o quanto isso enfraquece que novas mulheres venham para o processo porque é muito difícil, tem uma repelência. A gente precisa trazer mulheres, preparar mulheres e proteger mulheres para que elas consigam ultrapassar essa barreira”, ressaltou Maysa.
A vereadora assumiria a vaga na Câmara apenas no próximo ano. Isso porque o vereador Diego Guimarães (Republicanos) foi eleito deputado e assume o mandato em 2023. No entanto, a ida de Maysa para uma cadeira no parlamento cuiabano foi adiantada com a cassação do então vereador Marcos Pacolla (Republicanos) por quebra de decoro parlamentar.
Maysa coloca como bandeira ser uma fomentadora do ingresso de mulheres na política e ser o canal que garantirá vez e voz para a população dita invisível. Considera que toda a força política que conseguiu reunir se deve a sua presença digital há mais de uma década, assim como o trabalho de voluntariado que faz em três setores: no combate à violência contra a mulher, na visibilidade do autismo e na busca por recursos para custear o tratamento de pessoas acometidas pelo câncer.
Pondera que sua participação nas campanhas políticas tanto em 2020 quanto em 2022 possibilitou conhecer de perto as dores da população cuiabana, principalmente.
“O processo eleitoral também me trouxe um conhecimento muito grande. A gente visitou as pessoas, ouvi muitas dores de perto. Já falava desde aquele primeiro momento que o vereador tem a função de ver a dor. Tive a oportunidade de ver a dor e hoje venho com mais propriedade para defender a causa das pessoas com deficiência, a causa das mulheres e das pessoas em vulnerabilidade em geral. A gente precisa lutar, e falei muito na campanha, pelos que não tem vez, não tem voz”, asseverou.
Com a efetivação de Maysa como vereadora, Cuiabá passa a contar com três mulheres no parlamento municipal. “Ter mais uma mulher é ter um retrato maior da sociedade e ter uma sensibilidade para as pautas que são tão óbvias, mas que hoje estão tão ruins, como a falta da saúde, de dignidade no SUS. É uma coisa que falei muito em campanha e em um mandato vou continuar falando, porque quando a gente visita as unidades de saúde, não tem dignidade. E esse é um olhar geralmente só da mulher. Em casa quando alguém que está doente é a mãe que cuida, é avó que cuida. É a mulher que olha essas questões e a educação, que está muito sucateada e para as nossas crianças. Então é um olhar mais feminino e é natural da mulher isso e eu espero trazer para a Casa”.
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