O primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado Max Russi (PSB) afirmou apoiar qualquer nome de Mato Grosso que for convidado para integrar a nova equipe ministerial que está sendo montada pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As declarações de Russi foram dadas depois que a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) emitiu nota afirmando que “os nomes do deputado federal cassado Neri Geller (PP), do senador Carlos Fávaro e do empresário Carlos Augustin, não têm legitimidade para representar o setor como interlocutores em Brasília”.
Os três foram convidados para integrar a equipe de transição no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Fávaro e Neri foram fortes cabos eleitorais de Lula em Mato Grosso. Como grande parte do agro esteve com Bolsonaro, a Aprosoja decidiu repudiar os escolhidos como representantes do setor.
“Qualquer posição que depender do deputado Max para apoiar independente de quem seja para assumir qualquer cargo, em qualquer Ministério ou participação no Governo Federal terá meu apoio total, porque é importante para Mato Grosso. É muito mais fácil como parlamentar chegar em Brasília e procurar um ministro de Mato Grosso que conheço, que sei o nome, do que procurar um ministro de outro estado. É muito mais dificuldade. Isso vale para as associações aqui. Essas associações trabalharem contra o nome de Mato Grosso, acho que estão trabalhando contra o nosso estado”, avaliou o deputado.
Para a Aprosoja, embora cada um tenha a prerrogativa de tomar as suas próprias decisões, isso traz consequências. “Ao apoiar as políticas do Partido dos Trabalhadores (PT), que inclusive, apoiam invasões de propriedades privadas, Carlos Fávaro, Neri Geller, e Carlos Augustin, entraram diretamente em divergência com os valores conservadores da classe produtora”, diz trecho da nota.
A entidade ainda decidiu se retirar do Instituto Pensar Agro, entidade que dá suporte à Frente Parlamentar da Agropecuária, caso “Carlos Fávaro, Neri Geller e Carlos Augustin sejam interlocutores com essas instituições, já que não representam os produtores de soja e milho de Mato Grosso”, concluiu o documento.
Para defender seu posicionamento, o deputado Max Russi ponderou que a história de vida de Fávaro e Geller deve ser levada em consideração para além dos posicionamentos políticos que adotaram nas eleições deste ano.
“O governo eleito vai escolher quem apoiou ele. O Fávaro esteve na campanha e é natural que quem conversa com o novo governo é quem esteve junto no momento de campanha, no momento mais difícil. Acho que tem que ser respeitado isso. O Fávaro já foi presidente da Aprosoja, o Neri já foi ministro da Agricultura e trouxeram em momentos diferentes investimentos e ações importantes para o agro. É importante para Mato Grosso e a gente não pode apagar o que deputado Neri produziu como ministro. A gente não pode apagar porque não gosta da posição política dele adotada neste momento. Muito pelo contrário. A gente tem que valorizar aquilo de bom e criticar aquilo que não tiver de acordo com nosso pensamento, com o trabalho deles”, asseverou.
Além de integrarem a equipe de transição e ter como missão aproximar o presidente Lula da bancada ruralista no Congresso – composta hoje por 300 integrantes e muito afinada com Bolsonaro – Fávaro e Geller passaram a ser vistos como possíveis nomes para assumir o Ministério.
A senadora Simone Tebet e o ex-deputado federal Nilson Leitão, que já foi líder da bancada ruralista e tem bom relacionamento com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, também foram ventilados para o cargo.