O deputado federal Fábio Garcia (União) deve se licenciar do cargo em Brasília na próxima segunda-feira (10) e ficar assim livre para assumir o posto de secretário chefe da Casa Civil de Mato Grosso, mesmo que a votação da reforma tributária não aconteça. Garcia afirma que se a data da apreciação da matéria for postergada, caberá a Gisela Simona, suplente que assume a sua vaga, votar a proposta de emenda à Constituição (PEC) 45/2019.
O deputado federal afirmou que Simona tem todo o preparo necessário para conduzir da melhor maneira possível o assunto na Casa.
“Estou terminando essa semana aqui. Na próxima segunda-feira deixarei o meu mandato para que a Gisela possa assumir e ela tem plena competência de tratar todas as matérias que tramitam na casa, no Congresso Nacional. E estarei, portanto, à disposição do governador para assumir o cargo quando ele entender que seja o momento apropriado. Não conversei com ele especificamente qual a data que eu assumiria a Casa Civil, mas estarei à disposição do governador", disse em entrevista nesta quarta-feira à Rádio Cultura 90,7 FM.
O convite para que assumisse o posto, até então sob os cuidados de Mauro Carvalho, foi feito depois da licença do senador Wellington Fagundes (PL) por motivos de saúde.
Mauro Carvalho assume no Senado já nesta quarta-feira. No entanto, Fábio Garcia ainda permanece essa semana em Brasília em razão das discussões em torno da reforma tributária.
O presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL) pressiona para que o texto seja votado em primeira até esta sexta-feira (7). Desde que essa intenção foi conhecida, começou uma verdadeira cruzada na capital federal por parte do governo de Mato Grosso e de outros estados que pedem mudanças na proposta para reduzir os prejuízos que serão sofridos.
O estado prevê uma perda de R$ 6 bilhões/ano e afirma que itens da cesta básica terão aumento de imposto com a reforma. Fábio Garcia tem sido um importante articulador em Brasília, em busca de reduzir o impacto da reforma para Mato Grosso.
Para o parlamentar, com a intensa pressão de governadores e prefeitos em Brasília, a tendência é que a apreciação da reforma fique para outro momento. Embora faça essa leitura, reconhece que nenhum recuo por parte do presidente da Casa foi sinalizado.
Um dos pré-candidatos do União Brasil à prefeitura de Cuiabá em 2024, Garcia evita comentar se a ida para a Casa Civil pode ajudar no seu projeto de se consolidar como o nome do partido na disputa. Isso porque o deputado estadual Eduardo Botelho (União) também se colocou para o pleito municipal e vem trabalhando fortemente para se viabilizar.
“Vou para a Casa Civil para contribuir com o estado de Mato Grosso e com o Governo Mauro Mendes. É um cargo de confiança do governador, fiquei honroso com esse convite e sei do papel que preciso desempenhar na Casa Civil de buscar manter a harmonia entre todos os Poderes, manter a interlocução permanente entre o Governo e os Poderes constituídos de Mato Grosso e garantir o funcionamento com a máxima eficiência possível da estrutura do Governo do Estado de Mato Grosso. Essa é a função de um secretário da Casa Civil, portanto estou indo lá para desempenhar especificamente este papel que me atribuiu o Governo do Estado de Mato Grosso”, salientou.
Fábio Garcia já desempenhou esse papel quando Mauro Mendes era prefeito de Cuiabá, ficando responsável pela secretaria municipal de governo.
Em que pese não comente a interferência do convite na eleição municipal de 2024, o convite do governador Mauro Mendes faz parte de uma estratégia que consiste em dar mais visibilidade a Fabio Garcia em Cuiabá, fazendo com que o nome do parlamentar se consolide e pontue bem numa eventual pesquisa de intenção de votos.
O mecanismo de consulta popular pode ser uma das ferramentas utilizadas para determinar qual dos dois nomes do partido concorrerá ao Palácio Alencastro e o governador tem preferência por Fábio Garcia.
Mesmo sem ter assumido a Casa Civil, o deputado já começou a participar de ações do Governo de Mato Grosso. Uma delas foi a entrega de 1,2 mil cestas básicas realizada pela Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania, ocorrida em diversos bairros da capital. Na oportunidade, Garcia conversou com a população sobre os problemas enfrentados na cidade e visitou obras realizadas por meio de emendas parlamentares destinadas por ele.
Foram visitados os bairros Doutor Fábio, 1º de Março, Alto da Boa Vista e Jardim Florianópolis.
A participação de Fábio Garcia na entrega das cestas básicas foi bastante criticada pelo vice-prefeito José Roberto Stopa (PV), que classificou a ação como casuísmo e uso da máquina pública estadual com vistas à eleição de 2024.
"Se existisse o histórico de se entregar ano após ano cestas básicas eu consideraria normal. O que não pode é num passe de mágica se começar a entregar esse universo de cestas básicas. Agora, cabe também a Justiça Eleitoral e eu espero que a Justiça Eleitoral tome providências e cabe a população cuiabana enxergar isso”, declarou Stopa sobre a ação.
"Não vou fazer política atacando as pessoas, denegrino, diminuindo ninguém. Fui convidado como deputado federal para acompanhar um programa que há muito tempo se faz e corriqueiramente se faz no estado de Mato Grosso, que é uma parte do programa Ser Família, para acompanhar como isso é feito nos bairros. Simplesmente isso. Não tem nada demais. O programa é feito pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania, é a secretaria que faz o cadastro das pessoas, que viabiliza e entrega as cestas. Esse programa é coordenado pela primeira-dama Virgínia Mendes. Fui convidado para fazer o acompanhamento e fui, numa semana que a gente não estava tendo sessão presencial na Câmara dos Deputados para acompanhar isso. Estão fazendo uma grande tempestade em copo d'água. Portanto, não tem nada demais. Estou cumprindo a minha agenda de deputado federal e conhecendo os programas à disposição da população no estado de Mato Grosso. Ponto", rebateu Garcia.