O governador Mauro Mendes (União) afirmou nesta segunda-feira (3) que vai a Brasília, onde deve passar boa parte dessa semana, para discutir a reforma tributária - prevista para ser apreciada no próximo dia 6. O chefe do Executivo afirma que este momento é crucial, uma vez que o texto da forma como está traz prejuízos consideráveis para Mato Grosso, que deve perder R$ 7 bilhões caso a proposta seja aprovado, além de ficar sem o Fethab. Mendes rotulou como “absurdo” aprovar a proposta a “toque de caixa”.
Mendes considerou muito ruim votar a reforma tributária já no dia 6 de julho, como deseja a Câmara dos Deputados.
“Acho muito ruim. Um projeto que ficou hibernado, na expectativa quase 3 décadas, quando ele sai do forno precisa ser melhor conhecido e compreendido. Se ele é bom, não precisa ter medo. Se ele é bom para os brasileiros, se não existe nenhum privilégio, mas eu já vi que tem sim privilégios para as grandes indústrias e principalmente para os exportadores. Acho inadmissível que nós tenhamos uma isenção completa de algumas cadeias que vão deixar de pagar imposto no Brasil e são empresas que já apresentam lucros exorbitantes”.
O governador deu como exemplo a Vale do Rio Doce, que somente em 2022 teve lucro de R$ 95 bilhões. Caso a reforma seja aprovada como está, além do lucro, a Vale não pagará nenhum imposto na sua cadeia de produção. “Tudo que for pago ela será ressarcida no final. E quem vai financiar então imposto no país, quem vai financiar o serviço de segurança, de saúde, se os grandes não vão pagar é porque a classe média, o trabalhador, vai acabar tendo que pagar mais imposto”. asseverou.
Em Brasília Mendes pretende conversar com outros governadores, entre eles o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL), outro que demonstrou descontentamento com o texto da reforma. O governador de São Paulo cobrou da bancada federal do estado que pressione por mudanças na forma como o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) será gerido. Isso porque a proposta é que um Conselho Federativo seja criado para administrar a receita única, o que para o governador, significa retirada de autonomia dos estados.
Mendes também deseja dialogar mais uma vez com o relator da reforma tributária na Câmara Federal, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
“Já falei muitas vezes (com Aguinaldo Ribeiro), mas no final o relatório saiu muito diferente do que conversamos. Vamos tentar falar amanhã e depois. Vamos conversar sobre algumas coisas que seriam diferentes do que saiu. O relatório aponta várias divergências, discrepâncias e prejuízos que Mato Grosso pode ter”, ponderou.
Enquanto o governador Mauro Mendes vai a Brasília, nesta segunda-feira o secretário estadual de Fazenda, Rogério Gallo, discute com setores produtivos o impacto da reforma tributária para Mato Grosso. A reunião ocorre na Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).