Em entrevista ao programa “Jornal da Cultura”, da rádio Cultura FM 90.7, a vereadora por Cuiabá, Dra. Mara (Podemos), detalhou a iniciativa de promover uma audiência pública para debater a implantação da coleta seletiva na capital mato-grossense. A parlamentar, que tem o meio ambiente como sua principal bandeira, destacou a urgência de a cidade, com quase 800 mil habitantes, adotar práticas sustentáveis de gestão de resíduos sólidos. “É inaceitável uma capital como a nossa não ter esse tipo de prática”, afirmou durante a conversa com os jornalistas Antero Paes de Barros e Michely Figueiredo.
Segundo a vereadora, a audiência pública, marcada para o dia 5 de novembro, às 14 horas, no plenário da Câmara Municipal, tem como objetivo provocar o debate e buscar soluções concretas. Foram convocadas as secretarias de Meio Ambiente do estado e do município, além da Empresa Cuiabana de Limpeza Urbana (Limpurb). “Se o poder público não se sensibilizar e levar isso a sério, vai continuar daqui dez, vinte anos, e nós não vamos ter coleta seletiva em Cuiabá”, declarou Mara, ressaltando que o resultado do encontro será encaminhado ao prefeito.
A parlamentar acredita que a mudança começa pela conscientização individual. “Vai primeiramente da conscientização do cidadão, para ele já ter a prática de começar a separar o seu lixo em casa”. Ela citou o exemplo de cidades menores no interior de São Paulo que já possuem o serviço implementado com sucesso. A vereadora mencionou que uma pessoa produz, em média, de 700 gramas a 1,5 quilo de lixo por dia, e que a separação adequada poderia desviar até metade desse volume dos aterros sanitários. “No final de um mês, é praticamente trinta e sete quilos de lixo por pessoa que vai evitar de estar nos lixões”.
A ideia da audiência pública, segundo Mara, surgiu de uma experiência pessoal. Ao visitar uma amiga em um condomínio vertical e notar que todo o lixo era descartado sem separação, sentiu-se indignada. “Aquilo, pra mim, foi um choque, vendo plásticos, latinhas e comidas, lixo orgânico, tudo misturado”, relembrou. A partir daí, percebeu que a maioria dos edifícios da cidade não possuía a prática. Embora a prefeitura tenha planos futuros, a vereadora defende a urgência da implementação. “Eu falei: ‘Não, mas não é futuramente, é pra hoje’”. Ela se mostrou otimista com a sensibilidade da primeira-dama, Virgínia Mendes, ao tema.
Além da mobilização política, a vereadora planeja destinar parte de suas emendas parlamentares no próximo ano para auxiliar as cooperativas de reciclagem, principalmente com a questão do transporte dos materiais. “Hoje o maior problema das cooperativas é o transporte”, pontuou. A parlamentar também destacou a inauguração do primeiro ecoponto da cidade, na Câmara Municipal, uma iniciativa da presidente da Casa, Paula Calil, em parceria com o projeto Recicla MT. “Esse é o primeiro de muitos, se Deus quiser”, comemorou.
Outros temas
Questionada sobre a possibilidade de uma nova CPI para investigar o contrato da CSMob, a vereadora confirmou que há uma movimentação para dar continuidade à investigação anterior. Segundo ela, surgiram “fatos novos” que precisam ser averiguados, como o estudo de viabilidade econômica para a implantação da empresa em Cuiabá. “Não se dá pra falar em nova CPI ou continuidade se não tiver fatos novos”, explicou. Até o momento da entrevista, sete das nove assinaturas necessárias haviam sido coletadas.
Apesar de apoiar a investigação, Mara não defende o rompimento do contrato. “Eu, particularmente, não defendo o rompimento com o contrato. Eu defendo que as partes sentem e cheguem num acordo”, opinou. Para ela, é preciso analisar a viabilidade financeira e a capacidade do poder público de arcar com os custos, buscando uma solução que seja benéfica tanto para a empresa quanto para o município.
Sobre o clima na Câmara Municipal, que registrou episódios de tensão recentemente, a vereadora afirmou que a harmonia prevalece nos bastidores. “Tanto o Coronel Dias quanto o Chico Dois Mil são pessoas extremamente agradáveis nos bastidores e são colegas muito respeitosos”, disse, referindo-se a um desentendimento entre os parlamentares. Ela classificou o episódio como “lamentável” e fruto do “calor das emoções”.
Ao avaliar os dez primeiros meses da primeira mesa diretora inteiramente feminina da história da Câmara de Cuiabá, Mara lamentou que alguns episódios tenham ofuscado o trabalho realizado. “Nós somos recordes de indicação. Nunca houve uma legislatura tão atuante nos primeiros dez meses”, destacou, citando ações de fiscalização e a atuação da Procuradoria da Mulher como exemplos do trabalho positivo da gestão.
