Enquanto tantos fazem tudo, movem mundos pela tal da estabilidade, eu gosto mesmo é de ir embora.
Aquela sensação de estar deixando algo pra trás, histórias por contar, coisas que, ainda que tenha feito parte delas e elas passem a fazer parte de mim, não saberei, não viverei.
E quando vou, vêm comigo todas as possibilidades, o instigante talvez, o "e se?" que fica martelando os pensamentos até abrir espaço pra imaginação.
Gosto de ir embora pra ter do que sentir saudade, sentir falta, sentir.
E também pra deixar saudade, não ser familiar e previsível a ponto de me tornar entediante. Virar lembrança, pra durar um pouco mais na mente e no coração e bem menos na realidade, sempre mais dura, quase sem encanto.
Gosto de partir, com ou sem despedidas, pra me sentir livre, forte e suficiente.
Pra encerrar cada ciclo já pensando nos próximos, olhar além, ali em frente. E continuar partindo, em busca de nada, em busca do todo. Em busca de mim.