O general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, admitiu ser o autor do plano denominado "Punhal Verde e Amarelo", que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A confissão ocorreu em interrogatório nesta quinta-feira (24), no Supremo Tribunal Federal.
Durante seu depoimento, Fernandes descreveu o documento como um "pensamento" seu que "foi digitalizado". O plano detalhado foi encontrado pela Polícia Federal (PF) em um HD externo pertencente ao general no curso da Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta trama golpista no país. A admissão de Fernandes representa um desenvolvimento significativo nas investigações conduzidas pelo STF.
O roteiro do "Punhal Verde e Amarelo" incluía ações consideradas terroristas, como a possibilidade de envenenamento das autoridades e o uso de armamentos de alto poder destrutivo, como fuzis HK416 e lança-rojão AT4. O plano também detalhava a necessidade de um "reconhecimento operacional" minucioso do aparato de segurança do ministro Alexandre de Moraes, abrangendo itinerários, horários e veículos blindados nas regiões do Distrito Federal e de São Paulo. A Polícia Federal interpretou o termo "neutralizar" presente no documento como assassinar.
A investigação que desvendou o plano faz parte de um inquérito mais amplo sobre uma alegada tentativa de golpe de Estado, que teria como objetivo impedir a posse do governo eleito em 2022. Mario Fernandes, que esteve nos palácios do Planalto e da Alvorada em dezembro de 2022, é um dos militares investigados por envolvimento nesta trama. A Polícia Federal já havia realizado prisões de outros militares e de um policial federal sob a acusação de planejar atentados no âmbito da mesma investigação.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), em denúncia apresentada ao STF, indicou que o plano "Punhal Verde Amarelo" foi levado ao conhecimento do então presidente Jair Bolsonaro, que, segundo a acusação, "teria concordado com sua execução". A Polícia Federal revelou que o documento foi impresso nas dependências do Palácio do Planalto pelo general Fernandes e posteriormente levado ao Palácio da Alvorada, onde teria ocorrido uma discussão sobre o momento ideal para a execução das ações.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, manifestou que as suspeitas são "extremamente preocupantes", afirmando que "não há espaço no Brasil para ações que atentam contra o regime democrático, e menos ainda, para quem planeja tirar a vida de quem quer que seja". Ele defendeu que a investigação abranja todos os envolvidos para que sejam julgados sob o rigor da lei. O caso segue sob apuração do Supremo Tribunal Federal, buscando esclarecer todas as responsabilidades relacionadas ao plano.