Eles podem chegar a custar mais de R$ 10 mil, carregam uma semelhança extraordinária com crianças de verdade e tem causado um grande rebuliço social. A relação de algumas pessoas com os bebês reborn tem levantado questionamentos, uma vez que cobram aos bonecos cuidados dispensados a bebês reais. Mas o que este tipo de comportamento denuncia? Para a psicanalista Fátima Santos, esse apego sinaliza uma frustração. A declaração foi dada em entrevista ao Papo com Ela.
Fátima diz que quando uma criança não vivencia uma infância considerada ideal, onde são abordados aspectos como educação sexual, o carinho é presente e o indivíduo é nutrido emocionalmente, se faz necessária a presença de um objeto transacional para que a pessoa em questão sinta segurança. Os bebês reborn podem ser vistos como esse objeto transacional.
Com a mudança no comportamento dos pais, que em boa parte das vezes não tem a “energia” necessária para educar crianças bem nutridas emocionalmente, existe a dificuldade para lidar com a frustração.
“Hoje vejo esse bebê reborn como uma válvula de escape desse adulto que teve uma infância frustrada. Esses adultos que se apegam a esse objeto ou é para se livrar de uma frustração ou é para mascarar uma frustração que deveria ser tratada e não é”, afirma.
A especialista vai mais longe ao considerar que esse comportamento denuncia a presença de um “sofrimento emocional”.
“Há uma lacuna muito grande. Quando a criança segura a ‘naninha’, que ela se afasta da mãe, ela se sente desamparada. Nesse momento então, ela pega uma roupa da mãe para cheirar ou ela pega um objeto - que geralmente é uma naninha ou uma chupeta - que serve como um aconchego da mãe, que dá segurança emocional. Eu vejo hoje esse bebê reborn nessa fase, nessa perspectiva de vida. As pessoas querem satisfazer aquele buraco negro que existe dentro dela, mas não sabe como”, analisou.
O Papo com Ela vai ao ar toda sexta-feira, às 16 horas, na TV Pantanal, canal 22.1. O conteúdo também fica disponível no canal do Youtube. Confira ainda os conteúdos no instagram @papocomela
Confira a entrevista na íntegra: