CULTURA Domingo, 05 de Julho de 2020, 12:43 - A | A

Domingo, 05 de Julho de 2020, 12h:43 - A | A

MUDANÇA REPENTINA

Sem palco, músicos se reinventam em período de isolamento

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Viviane Cantarella

 Cantora Viviane Cantarella

Do samba ao rock, do erudito ao popular, a pandemia de coronavírus acertou em cheio a classe artística. Com bares, restaurantes e casas de show fechados por conta das regras de isolamento social os músicos se viram, de um dia para o outro, sem espaço, sem trabalho e sem público.

“Eu estava tocando praticamente todos os dias antes da pandemia, tive no máximo uma ou duas folgas em 60 dias de trabalho”, conta a cantora Viviane Cantarella. Contratada por restaurantes e bares da Capital, ela tinha sete eventos agendados e se viu obrigada a cancelar todos. “Dia 18 de março fiz a minha última apresentação e depois me fechei em casa”, revela.

Agenda cheia e contratos para eventos futuros também faziam parte da rotina da artista musical Benny Costa. Ligada ao samba, ela tinha atividade fixa de quarta-feira a domingo em diversas casas noturnas de Cuiabá. De um dia para o outro, tudo mudou.

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Benny Costa

 Benny diz que não sabe quando volta aos palcos

“Com o isolamento social a nossa categoria foi a primeira a ser afetada e isso paralisou por completo o ritmo das minhas atividades, afetando totalmente meu orçamento. Ainda estou muito incerta quanto ao meu retorno aos palcos”, diz Benny.

Para quem fazia planos e tinha projetos engatilhados, a pandemia foi igualmente prejudicial. O músico Henique Maluf viu os cinco casamentos nos quais iria se apresentar em maio sendo sucessivamente cancelados e adiados para o próximo ano. Além disso, a finalização do primeiro disco também foi afetada. O trabalho, que traz uma linguagem nova e mais moderna para o rasqueado, fruto de anos de pesquisa, ficou para depois que tudo isso passar.

Lives e sobrevida

Já disse Milton Nascimento na música “Nos bailes da vida”, todo artista tem de ir aonde o povo está. E se as pessoas estão em casa por força de um isolamento imposto pela quarentena, é para lá que foram os artistas, de maneira online e mais segura. As lives se tornaram uma oportunidade tanto para os músicos se manterem em atividade quanto para o público ter alternativas de entretenimento e um alivio em meio ao caos emocional proporcionado pelo confinamento. Além disso, o enfoque solidário de muitas apresentações ajudou a arrecadar recursos para que os artistas pudessem se manter neste período em que estão sem sua principal fonte de renda.

”Participei de muitas lives com cunho colaborativo, gravei apresentações em casa e recebi cachê por algumas delas. Foi a saída encontrada nesse momento de incertezas”, ressalta Viviane.

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Henrique Maluf

 Henrique Maluf tem aproveitado para trabalhar suas redes sociais

Maluf, que também esteve no line up de diversos eventos virtuais, conta que essa atenção mais voltada ao universo online fez com que passasse a se dedicar mais às redes sociais. “Elas são grandes aliadas, não há como ficar fora disso hoje em dia. Tenho produzido bastante em lives caseiras e compartilhadas com amigos com o intuito de gerar conteúdo, ganhar seguidores e, felizmente, tenho tido bastante engajamento”.

Tanto Maluf quanto Cantarella participaram do projeto Festival Cultura em Casa, da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel MT) que aconteceu em maio. O evento foi realizado online com o objetivo de minimizar os impactos da pandemia da Covid-19 no setor cultural. Mais de 170 atrações em formatos variados e de municípios diversos de Mato Grosso foram transmitidas pela internet.

Ressignificação

Mas afinal, o que esperar do futuro pós pandemia? “Acho que vamos voltar a trabalhar muito, especialmente o setor de entretenimento já que as pessoas estão com muita vontade de sair, reencontrar os amigos e festejar”, diz Viviane.

Para o violinista Yllen Almeida, apesar de as lives terem se tornado a principal ferramenta de divulgação do trabalho dos artistas, não há nada que substitua o encontro com o público que, na opinião dele, voltará a acontecer.

“Vejo a questão da inovação como uma oportunidade para refletirmos sobre o que podemos fazer de diferente do que vinha sendo feito até então, mas ainda acredito no calor humano, no público, no encontro ao vivo e em ter as pessoas por perto. É disso que vive o artista, desse contato e dessa troca de energia”.

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Yllen Almeida

 Violinista Yllen Almeida

Como tantos outros, Yllen teve que adiar projetos, no seu caso um trabalho de “popularização” do violino como um instrumento versátil que pode, por que não, fazer bonito em um clássico do rock. “A classe artística foi toda afetada, fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a voltar”, acredita.

Para Henrique Maluf, o panorama não se apresenta tão otimista. “Vejo que haverá um reaquecimento do setor, mas apenas no próximo ano. O Brasil pecou muito nas medidas de isolamento social e nas barreiras sanitárias, então estamos pagando o preço agora, sendo o epicentro da doença na América do Sul”, observa.

O jeito é ter paciência e união, observa Benny, “Embora tenhamos sido bastante afetados pela crise, é importante nos mantermos solidários uns com os outros para superarmos juntos esse período caótico”, conclui.



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