Especialistas não veem erro técnico na suspensão dos testes da Coronavac, diante de um "evento adverso grave", no caso a morte inesperada de um voluntário. No entanto, a politização de todo o processo, dizem, presta um desserviço, pois acirra os ânimos e provoca mal-entendidos, além de criar um clima de desconfiança na população.
"O posicionamento da Anvisa de suspender o teste é algo que pode acontecer. A morte em qualquer circunstância de uma pessoa participando da pesquisa é um alerta. Mesmo em um caso de suicídio, poderia ser causado por uma depressão provocada pela vacina? É algo raríssimo, mas poderia", disse Gonzalo Vecina, fundador da Anvisa e médico Sanitarista.
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"Acho um absurdo essa suspensão unilateral por parte da Anvisa. Isso teria que ser feito em conjunto com o Butantã", afirmou o virologista Flávio Guimarães, do Centro de Tecnologia de Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Num estudo de fase 3, qualquer problema de saúde deve ser comunicado, mas para o Butantã estava claro que a morte não estaria relacionada à vacina. Para mim, parece claro que é uma decisão política."
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Para a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (Sbim), Isabella Ballalai, o mais grave é a comunicação truncada . "A população nunca viveu de perto uma pesquisa de vacina, mas esses eventos são esperados. Os voluntários não estão vivendo numa bolha, eles podem ter um câncer, ser atropelados, se suicidar, independentemente da vacina. Mas num estudo de fase 3, temos que determinar se há relação causal entre a vacina e o evento, tudo tem que ser comunicado e estudado", explicou.
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Guimarães lembra que a ciência deveria ser soberana em todo o processo. "Estamos vivendo um momento crítico, e a solução para o que está acontecendo está na ciência", disse o especialista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.