O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi internado nesta segunda-feira (9) em Orlando, nos Estados Unidos, onde está desde o final de dezembro.
O ex-mandatário sentiu fortes dores abdominais e, por isso, decidiu ir a um hospital na Flórida.
A informação foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada à Folha de S.Paulo por aliados de Bolsonaro. Segundo eles, o ex-presidente foi ao hospital para investigar se está novamente com uma obstrução intestinal.
O cirurgião Antônio Luiz Macedo, médico que trata do intestino de Bolsonaro desde a facada durante a campanha de 2018, disse à Folha de S.Paulo que o ex-presidente tem um quadro suboclusivo, ou seja, uma obstrução no órgão como já ocorreu em outras ocasiões.
Segundo Macedo, que acompanha o caso a distância, há "chance de não precisar de operação".
Ao minimizar a gravidade, o médico relembrou a mais recente internação de Bolsonaro, no ano passado, quando o tratamento com medicamentos e adaptações na dieta surtiu efeito e evitou uma cirurgia. "Tem chance de não [ter que] operar, como quando tratamos aqui em São Paulo", afirmou.
Desde que tomou uma facada durante a campanha de 2018, Bolsonaro já passou por quatro cirurgias devido ao atentado. A primeira delas foi logo depois da facada, em setembro daquele ano. Seis dias depois, foi submetido a outro procedimento para desobstrução do intestino.
No fim de janeiro de 2019, quando já era presidente da República, fez uma cirurgia para retirada de uma bolsa de colostomia que havia sido colocada após o ataque. Em setembro do mesmo ano, passou por uma operação para corrigir uma hérnia na cicatriz de uma cirurgia anterior.
Em junho de 2021 e em janeiro de 2022 Bolsonaro também foi internado devido a problemas no intestino. Geralmente, ele afirma que as dores são consequências da facada que levou em 2018 em Juiz de Fora (MG).
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro confirmou nas redes sociais a hospitalização do ex-presidente nos EUA, pedindo orações. "Meus queridos, venho informar que o meu marido Jair Bolsonaro se encontra em observação no hospital, em razão de um desconforto abdominal decorrente das sequelas da facada que levou em 2018 de um ex filiado ao PSOL. Estamos em oração pela saúde dele e pelo Brasil. Deus nos abençoe."
No início do ano passado, Bolsonaro interrompeu seus dias de férias no litoral de Santa Catarina e viajou para São Paulo para ser internado e fazer exames. À época, o hospital Vila Nova Star disse que Bolsonaro tinha uma "suboclusão intestinal", uma obstrução no intestino, e apresentou melhora após passagem da sonda nasogástrica.
Bolsonaro saiu do Brasil no dia 30 de dezembro, antes do fim de seu mandato. Rompendo uma tradição democrática, decidiu não passar a faixa para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se instalou na região de Orlando, próximo aos parques da Disney.
Após o vandalismo registrado neste domingo (8) em Brasília, os deputados americanos Alexandria Ocasio-Cortez e Joaquin Castro, filiados ao Partido Democrata de Joe Biden, pediram em publicações no Twitter que Bolsonaro deixe os Estados Unidos, citando os ataques à democracia empreendidos por apoiadores do ex-mandatário em Brasília.
Nesta segunda, o assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, afirmou que a Casa Branca não recebeu nenhuma solicitação formal do governo Lula acerca do status do ex-presidente.
Em uma entrevista coletiva na Cidade do México, Sullivan reiterou a confiança nas instituições democráticas do Brasil e disse que, aparentemente, elas estão mantendo o cenário sob controle após o ataque de extremistas às sedes dos Três Poderes.
O assessor também negou qualquer contato entre a Casa Branca e Bolsonaro.
No domingo, após manifestantes bolsonaristas invadirem e depredarem prédios do Congresso, do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-presidente se manifestou nas redes sociais e, isentando-se de responsabilidade, criticou as depredações associando-as à esquerda.
"Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra", disse.