O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (UNIÃO), reforçou a necessidade de prioridade na investigação das sabotagens no Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Várzea Grande. Durante reunião com a prefeita Flávia Moretti (PL), na última sexta-feira (14), Mendes acionou o secretário de Segurança, César Roveri, e a delegada-geral da Polícia Civil, Daniela Maidel, para garantir celeridade no processo investigativo.
Nos últimos anos, Várzea Grande tem enfrentado sucessivos problemas no abastecimento de água, com períodos de seca severa e infraestrutura deficiente. A falta de investimentos em modernização da rede de distribuição, somada ao crescimento populacional, tem sobrecarregado o sistema. Em diversas ocasiões, bairros inteiros ficaram sem água por dias, gerando protestos da população.
O agravamento da crise a partir de 2025 intensificou o cenário de desabastecimento, com relatos frequentes de torneiras secas e dependência de caminhões-pipa. A deterioração das estruturas do DAE e atos de vandalismo contribuíram para um colapso no fornecimento de água, levando a prefeitura a decretar estado de calamidade pública.
Segundo a prefeita Flávia Moretti, a manobra de água foi fechada, poços artesianos foram desligados, cabos e bombas roubados e a manutenção necessária para garantir o bom funcionamento da estrutura de captação, tratamento e distribuição de água não foi realizada pelo antigo gestor. Por isso, a chefe do Executivo municipal aponta uma sabotagem no sistema.
Em 2024, a Polícia Judiciária Civil deflagrou uma operação que desarticulou um esquema criminoso dentro do DAE de Várzea Grande. A investigação revelou que um grupo de servidores e empresários sabotava o abastecimento de água da cidade para forçar a venda de caminhões-pipa à população.
A operação resultou na prisão de diversos envolvidos, incluindo gestores do DAE, funcionários públicos e empresários do setor de transporte de água. Segundo a Polícia Civil, os criminosos interrompiam intencionalmente o fornecimento regular de água para aumentar a demanda por serviços particulares de abastecimento, lucrando com a crise hídrica que afetava milhares de moradores.
As investigações apontaram que o esquema funcionava há anos, agravando o problema de falta d’água na cidade e gerando prejuízos milionários aos cofres públicos. A operação foi considerada um marco no combate à corrupção no setor de abastecimento hídrico do município. Questionada se acredita que o esquema perdura na autarquia, a prefeita preferiu não se posicionar, mas assegurou que a Polícia Civil está investigando os casos de possível sabotagem e vandalismo no município.
Sabotagens
A crise hídrica tem gerado impactos significativos para a população, agravada pelo sucateamento do sistema de abastecimento e atos de vandalismo. Segundo a prefeita Flávia Moretti, a situação levou à decretação de calamidade pública para viabilizar medidas emergenciais e acelerar a aquisição de equipamentos necessários para normalizar o fornecimento de água.
Mauro Mendes destacou que o Estado já investiu mais de R$ 26 milhões na construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Pari, mas alertou que os atos de sabotagem comprometem a infraestrutura e dificultam o abastecimento regular. Das cinco ETAs existentes no município, três haviam deixado de funcionar na última semana. A prefeitura informou que as estações já foram reativadas.
"Fiquei muito preocupado com os boicotes e sabotagens no sistema de água. Isso é muito grave. Precisamos identificar os responsáveis para evitar que a população continue sofrendo", afirmou o governador.
O DAE não consegue atender a elevada demanda por caminhões-pipa. Levantamento feito pelo jornal A Gazeta mostra que o cidadão de Várzea Grande que busca uma empresa particular para o abastecimento pode desembolsar mais de R$ 350.