Pelo segundo ano consecutivo, Mato Grosso registrou a maior taxa de feminicídios do país, com 2,5 assassinatos a cada 100 mil mulheres em 2024. O índice é quase o dobro da média nacional, de 1,4. As informações constam no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), e apontam que, no estado, quase metade das mortes violentas de mulheres são classificadas como feminicídio.
O levantamento demonstra que, em 2023, o estado registrou 103 homicídios de mulheres, dos quais 46 foram feminicídios, o que corresponde a 44,7% do total. No ano seguinte, em 2024, ocorreram 100 mortes de mulheres, sendo 47 delas enquadradas como feminicídio, o equivalente a 47% dos casos. O anuário também identificou um aumento no número de feminicídios seguidos pelo suicídio do autor, passando de cinco casos em 2023 para oito em 2024.
Em relação às tentativas de crimes, os registros de feminicídios tentados subiram de 60, em 2023, para 66, em 2024. No mesmo período, as tentativas de homicídio contra mulheres apresentaram uma leve redução, passando de 347 para 341 casos.
Os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam um aumento na busca por proteção. O número de pedidos de medidas protetivas de urgência subiu de 16.438 em 2023 para 17.529 em 2024. O volume de concessões também cresceu, de 15.061 para 16.759. Em contrapartida, os casos de descumprimento dessas medidas aumentaram 14,1%, saltando de 1.688 para 1.956 no período analisado. O número de vítimas de feminicídio que possuíam medida protetiva caiu de oito para uma.
Outras formas de violência apresentaram queda. Os casos de lesão corporal dolosa em contexto de violência doméstica passaram de 10.540 em 2023 para 9.287 em 2024. No mesmo período, o número de mulheres que registraram ameaças caiu de 20.251 para 19.018. As chamadas para o número 190 sobre violência doméstica totalizaram 14.307 em 2023 e 13.584 em 2024.
O relatório ainda contextualiza o cenário da violência, informando que, no ano corrente, mais de 70% dos feminicídios foram cometidos dentro da residência das vítimas. A análise do perfil dos autores dos crimes indica que eles são, majoritariamente, homens com quem as mulheres mantinham ou mantiveram algum tipo de vínculo afetivo.