A ideia basilar de solução de conflitos não é necessariamente fazer justiça, já que ela é relativa ao impacto que causa nas partes envolvidas. O que é justo para uns poderá ser injusto para o outro. Interromper os embates são necessários porque o ódio individual impede a vida e o ódio político atrasa todo uma nação.
Prova disso é quando uma mãe ou um pai encontra seus filhos em conflito; eles normalmente apaziguam usando sua autoridade e não necessariamente fazendo o que é justo naquele dado momento.
A ideia de solução de conflitos é para que os sentimentos de indefinição e ódio não perdurem nos pensamentos e na vida das pessoas. Elas precisam continuar apesar dos problemas. O básico do aparato do sistema judiciário é para apaziguar os conflitos e não obrigatoriamente fazer justiça. Mas isso não significa que a decisão possa ser premeditadamente injusta.
Se for possível, devemos apaziguar os conflitos fazendo filosoficamente algo que seja o mais próximo do que chamamos de justo ou de justiça, pois infeliz a geração cujos representantes dos poderes políticos e jurídicos merecem ir a julgamento!
A pessoa que sente ódio perene fica doente e passa a reduzir o mundo em dois grupos: se apaixona sem critério pelas pessoas que tem a mesma doença crônica, e passa a agredir todos os outros grupos como se eles fossem seus inimigos simplesmente por não cultivar o mesmo sentimento odioso.
Quem tem ódio perene só aceita os que concordam consigo por ser a retroalimentação constante dos seus sentimentos e argumentos, mesmo que sejam falsos. É neste momento que o espelho os aproxima; imagem e semelhança se estranham por estarem na mesma vertente sentimental e ocupando justamente o mesmo espaço. Diria até que a raiva perene é uma inveja constante do objeto odiado. Nos tornamos imagem e semelhança daquilo que odiamos perenemente.
Vivemos em um país no qual a justiça sempre foi e continua sendo morosa. Ela não apazigua os conflitos, apenas posterga. E o arrastar quase permanente dos conflitos cria um ambiente amplamente favorável ao crescimento do ódio doentio.
A morosidade e a burocracia jurídica, somadas ao fanatismo político, explica muito do porquê chegamos a este ponto crescente da idolatria com ódio. O próximo passo para os mais doentes será tentar fazer justiça com a própria vida.
Não é de hoje que estamos em uma pátria onde os amigos contam com as benesses do poder; para os indiferentes usam a observância das leis e; para os inimigos a justiça, burocrática, morosa, tardia e, de quando em quando, corrupta.
O ódio é uma fraqueza humana e os fracos sempre preferem acusar os acontecimentos e transferir responsabilidades a aceitar o próprio erro. Por isso governos corruptos fazem a sociedade perder a fé nas pessoas. Governos odiosos fazem as pessoas perderem a fé na vida.
O ódio não deixa as pessoas verem a realidade, e a ausências deste discernimento leva as pessoas a investir no, “nós contra eles”. Este sentimento está matando o Brasil