OPINIÃO Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2020, 15:57 - A | A

Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2020, 15h:57 - A | A

REINALDO DOMINGOS

Os riscos por trás do PIX

Reinaldo Domingos

Está à frente do canal Dinheiro à Vista. É PhD em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros e da DSOP Educação Financeira. Autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira .

A ferramenta financeira do momento é o PIX que, em uma primeira análise, é uma grande evolução em nosso sistema financeiro, possibilitando pagamentos instantâneos que deve substituir o TED e o DOC. Mas vamos entender melhor esse tema.

O PIX chegou com grande força. Segundo dados do Banco Central, já foram registradas mais de 106 milhões de chaves cadastradas, com a participação de 44 milhões de pessoas e quase 3 milhões de empresas. Se por um lado essa novidade amplia muito as opções de pagamentos e transferências bancárias, sem custos, bastando cadastrar uma chave no novo sistema para poder receber as transferências, por outro lado também existem riscos.

O que mais me assusta é que essa é uma nova ferramenta para facilitar os gastos desenfreados. Lembrando que o PIX é bastante simples de utilizar  e isso pode incentivar ainda mais o consumo compulsivo da população, fato que já é bastante alto e leva milhões de consumidores ao endividamento. As pessoas terão que ter muito mais cuidado na hora das compras.

O PIX, sem controle do correntista, pode ser o início de uma inadimplência ferrenha, sendo que ele é debitado diretamente na conta corrente e aí está o perigo de gastos descontrolados que levem ao cheque especial, que, simplificando, é um crédito pré-aprovado com taxas de juros que podem chegar a 8% ao mês, que são altíssimas.

Assim, é preciso entender que o PIX se mal utilizado, pode desencadear uma maior inadimplência. O pressuposto de uma vida saudável financeiramente não pode ser embasado somente em fazer o cidadão pagar com mais e mais facilidades. Devemos ficar atentos e proteger o dinheiro em nossas mãos, criando caminhos para potencializar a criação de reservas e não de consumo.

Também ressalto sobre pontos preocupantes relacionados a golpes financeiros, que são simplificados com essa nova ferramenta, bem como os cuidados de segurança no uso de aparelhos de smartphones, com travas e maiores proteções, bem como cuidado em relação às senhas.

Ou seja, a ferramenta é interessante, mas grande parte da população deve se atentar para um problema que vem ocasionado outros já há anos que é a facilidade de uso de ferramentas e a falta de educação financeira. A modernidade é importante, mas ela precisa vir acompanhada de conhecimentos para não termos reflexos não esperados dessas ações.

Infelizmente nesse período de pandemia observo uma diminuição de conteúdos relacionados à educação financeira e aumento de formas de compras. Assim, esta é a hora de potencializar ainda mais ideias como consumo consciente e sustentável.



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