OPINIÃO Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2020, 08:18 - A | A

Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2020, 08h:18 - A | A

JOÃO EDISOM

Segundo mandato, a incógnita

João Edisom de Souza

Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso (1990), especialização em Psicologia Educacional pela Universidade Federal de Mato Grosso (1993) e mestrado em Educação pela Universidade de Cuiabá (2004). Atualmente é professor da Uniasselvi no seguinte tema: direito, filosofia e psicologia jurídica.

Desde que foi implantado o sistema que possibilita a reeleição é discutível um segundo mandato em que o gestor atinge oito anos consecutivos na cadeira do Executivo. A grande questão é repetir e melhorar a gestão em um novo mandato que já não é novidade.
Nos governos de Mato Grosso elas foram um tanto penosas. O primeiro a enfrentar tal questão foi o saudoso governador Dante de Oliveira que, embora tenha feitos inigualáveis avanços até então, perdeu uma eleição para o Senado e enfrentou um período de ostracismo e críticas até sua morte.

O ex-governador Blairo Maggi, embora após oito anos tenha chegado ao Senado com uma votação expressiva, dificilmente alguém sentirá saudades de seu segundo mandato, principalmente por ter deixado em seu lugar o ex-governador Silval Barbosa, que além de ter gestado praticamente dois anos na condição de vice, foi o governador nos outros quatro anos e depois saiu praticamente pela porta dos fundos.

Se olharmos para a prefeitura de Cuiabá precisamos lembrar que o primeiro a conseguir tal feito foi o ex-prefeito Roberto França, que depois dos dois mandatos nunca mais ganhou nenhuma eleição. Na última ficou em quarto lugar na disputa, mesmo com o apoio do governo do Estado.

Na sequência temos o Wilson Santos que, após se reeleger para um segundo mandato, renunciou com dois anos para disputar o governo e desde então tem sido eleito deputado estadual as duras penas por duas eleições consecutivas, inclusive com passagem pela Secid e liderança de governo. Mesmo assim possui votação insignificante pelo tamanho dos cargos que já ocupou.

Em Cuiabá Emanuel Pinheiro consegue a reeleição para prefeito agora em 2020 e aí vem a pergunta: segue a maldição ou quebra esta tradição? E para quebrar tem que fazer o que?

Uma das coisas mais difíceis na vida é se reinventar e esta talvez seja a maior dificuldade do atual prefeito; ser diferente dele mesmo, ir para o próximo degrau, dar um plus em sua gestão, agregar ao invés de amontoar pessoas em cargos somente numa perspectiva de fazer gestão a sua própria carreira.

Embora há um quê de discurso publicitário sobre continuidade, já que o que está bom não se mexe, mas a verdade que a mesmice é enfadonha, enjoativa e cansativa. Por melhor que seja o prato, ninguém consegue almoçar e jantar todos os dias os mesmos sabores. Logo, faz necessário ter variações que vão além das continuidades básicas.

O tempo de agradecimento pelo asfalto passar na porta da casa dura até a próxima exigência e assim sucessivamente. A possibilidade de o munícipe enjoar é infinitamente maior em um segundo mandato.

A maior tarefa para o prefeito Emanuel Pinheiro nos próximos anos será gestar como se o ontem não tivesse feito parte de sua gestão. Ou seja, chegar novamente aonde já chegou e ir aonde ainda não foi. Nada fácil.



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