A recente votação no Congresso Nacional, que impediu o governo Lula de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os mais ricos, enquanto, por outro lado, se discute a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês, é um triste retrato da desigualdade que permeia as decisões políticas no Brasil. Essa decisão, longe de ser um avanço, representa um retrocesso na busca por uma justiça fiscal mais equitativa e condena o país a aprofundar o abismo social existente.
A proposta de aumento do IOF para as grandes fortunas e aplicações financeiras de alto valor não era apenas uma medida arrecadatória; era um gesto simbólico e prático de redistribuição de renda. Em um país onde a concentração de riqueza atinge níveis alarmantes, a taxação dos mais abastados se apresenta como um mecanismo fundamental para financiar políticas públicas e reduzir o fardo que recai desproporcionalmente sobre a classe trabalhadora e os mais vulneráveis. A recusa do Congresso em aprovar tal medida demonstra uma clara prioridade em proteger os interesses de uma minoria privilegiada, em detrimento da vasta maioria da população.
A narrativa de que taxar os ricos inibiria investimentos ou prejudicaria a economia é, no mais das vezes, uma falácia utilizada para justificar a manutenção de privilégios. Diversos países desenvolvidos adotam sistemas tributários progressivos, e seus resultados demonstram que a equidade fiscal é um pilar para o desenvolvimento social e econômico sustentável. O que o Congresso Nacional fez foi, na prática, reforçar a ideia de que no Brasil os impostos são para os pobres e os benefícios para os ricos.
Além disso, esse discurso que subestima a inteligência da sociedade brasileira, tenta justificar o injustificável e esconde o que é notório: o centrão e a extrema direita, que controlam o Parlamento brasileiro, fazem chantagem pela liberação de emendas e, ao mesmo tempo, atendem ao lobby do mercado financeiro e dos ricos que não pagam imposto, incluindo os barões do agro, desonerado nas exportações.
É imperativo que a sociedade civil se levante contra essas decisões que perpetuam a desigualdade. O voto do Congresso Nacional contra o aumento do IOF para os mais ricos não é apenas uma questão econômica; é uma questão moral e ética. É um voto que condena milhões de brasileiros a continuar arcando com o peso de uma estrutura tributária injusta, enquanto uma elite segue blindada de sua responsabilidade social.
O momento exige que os representantes do povo realmente representem o povo, e não apenas os interesses de uma parcela ínfima e abastada da população. A construção de um Brasil mais justo e igualitário passa, inevitavelmente, por uma reforma tributária que ouse tocar nos privilégios e redistribuir as cargas e os benefícios de forma equitativa. Sem isso, continuaremos a testemunhar um legislativo que, em vez de ser um farol de justiça, atua como um muro de proteção para as desigualdades.
Como diria Boris Casoy, uma vergonha!