Em preparação para a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro, Mato Grosso iniciou uma série de discussões para consolidar suas propostas e fortalecer sua imagem como referência em desenvolvimento sustentável. Na manhã desta segunda-feira (20), a Assembleia Legislativa realizou uma audiência pública conjunta entre a Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos Minerais e Direitos dos Animais Domésticos de Companhia e a Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal. O encontro reuniu parlamentares, representantes de instituições públicas e privadas, e especialistas em meio ambiente.
Durante o evento, o senador Wellington Fagundes (PL) destacou que Mato Grosso tem avançado na busca por um modelo de desenvolvimento que alia produção e preservação ambiental. Segundo ele, o lema do Estado para a COP30 será “produzir, preservar e prosperar”, refletindo o compromisso de mostrar ao mundo “o Brasil real, o Mato Grosso real — o Brasil que planta, cuida, preserva e alimenta o planeta”.
O parlamentar anunciou que Mato Grosso apresentará à conferência uma carta com propostas concretas, elaboradas a partir do debate na Assembleia, incluindo a criação de um novo parque na região da Serra da Taquara. Fagundes reafirmou o compromisso com a defesa do Pantanal e com o fortalecimento das políticas de desenvolvimento sustentável como pilares para o futuro do país.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da ALMT, deputado Carlos Avallone (PSDB), ressaltou que a realização da COP30 em território brasileiro reforça o protagonismo nacional nas pautas ambientais e coloca Mato Grosso em posição de destaque. Ele lembrou que o Estado tem se consolidado como exemplo de conciliar crescimento econômico e conservação, por meio de programas como o Produzir, Conservar e Incluir (PCI), implementado há mais de uma década.
Avallone comparou o momento à importância histórica da ECO-92 e da Rio+20, e afirmou que a conferência em Belém será uma oportunidade de projetar o Brasil e Mato Grosso como líderes globais nas negociações climáticas, especialmente nas áreas de energias renováveis, biocombustíveis e economia de baixo carbono.
O procurador de Justiça Marcelo Caetano Vacchiano, do Ministério Público de Mato Grosso, defendeu a inclusão das comunidades pantaneiras nas discussões ambientais. Ele destacou que muitas populações tradicionais ainda não são ouvidas em decisões que afetam seus territórios e modos de vida. “Essas comunidades precisam participar da construção das políticas públicas. São elas que convivem diariamente com o Pantanal e contribuem para sua preservação”, pontuou.
Representando o setor produtivo, o diretor da Famato, Marcos Carvalho, enfatizou que a pecuária tradicional extensiva tem sido aliada da conservação ambiental no Pantanal há mais de 300 anos. Segundo ele, 95% do território pantaneiro pertence a propriedades privadas, o que faz dos produtores rurais os principais responsáveis pela preservação dos 83,15% de vegetação nativa ainda intacta. Carvalho alertou que o maior inimigo do bioma não é o produtor, mas os incêndios florestais, e defendeu a integração entre pecuaristas e forças de segurança na proteção do ecossistema.
O diretor executivo do Instituto PCI, Richard Smith, apresentou as principais contribuições da instituição para a COP30, com foco em ações estratégicas para combater o desmatamento ilegal, recuperar pastagens degradadas e ampliar a rastreabilidade da produção rural. Smith destacou ainda o fortalecimento da agricultura familiar e a inclusão dos 43 povos indígenas do Estado em políticas de sustentabilidade. Segundo ele, Mato Grosso tem conseguido reduzir o desmatamento e aumentar a produção agrícola e pecuária, consolidando um modelo de desenvolvimento sustentável reconhecido nacional e internacionalmente.
O deputado estadual Wilson Santos (PSD) reforçou os avanços do Estado no combate ao desmatamento ilegal e na implementação de programas como o IMAG e o Passaporte Verde, voltados à rastreabilidade e às boas práticas ambientais. O parlamentar também alertou para a necessidade de preservar as nascentes e rios que alimentam o Pantanal, como o Cuiabá, São Lourenço e Paraguai, destacando a gravidade da crise hídrica na região.
“Estudos indicam que o Pantanal perdeu cerca de 50% de suas áreas alagadas nos últimos 50 anos. Se não cuidarmos das nascentes, colocaremos em risco o bioma e toda a vida que depende dele”, afirmou.
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) será realizada entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA). O evento reunirá líderes mundiais, cientistas, organizações e representantes da sociedade civil, e deve atrair cerca de 40 mil visitantes, incluindo 7 mil integrantes da ONU e delegações de países-membros.






