AMBIENTE INTEIRO Terça-feira, 22 de Setembro de 2020, 17:51 - A | A

Terça-feira, 22 de Setembro de 2020, 17h:51 - A | A

Na ONU, Bolsonaro diz que incêndios são usados em campanha internacional

Estadão Conteúdo

O presidente Jair Bolsonaro afirmou em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (22) que os incêndios no Pantanal e na Amazônia vêm sendo usados numa "brutal campanha de desinformação" com o objetivo de atacar seu governo. Ele afirmou que o apoio de instituições internacionais a esta suposta campanha é explicado pela riqueza dos biomas brasileiros. Pressionado mundialmente após o País registrar recordes de queimadas na Amazônia e no Pantanal que ameaçam acordos comerciais, o líder brasileiro atribuiu a índios e caboclos a disseminação do fogo em áreas de preservação.

"Nosso agronegócio continua pujante e, acima de tudo, possuindo e respeitando a melhor legislação ambiental do planeta. Mesmo assim, somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil."

No discurso, gravado na semana passada, Bolsonaro fez críticas a medidas de isolamento social contra a covid-19 e acusou a imprensa de espalhar pânico sobre a pandemia. "Como aconteceu em grande parte do mundo, parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema 'fique em casa' e 'a economia a gente vê depois', quase trouxeram o caos social ao País", afirmou. Com mais de 137 mil mortos, o Brasil é o segundo país do mundo em número de óbitos e o terceiro em casos, com mais de 4,5 milhões de pessoas contaminadas. Bolsonaro acusou a imprensa de "politizar" a doença e lamentou as mortes no mundo.

O presidente também citou que uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) delegou a prefeitos e governadores medidas para conter a propagação da covid-19, distorcendo o teor do que decidiram os ministros da Corte. Diferentemente do que disse Bolsonaro, a decisão assegurou aos Estados e municípios autonomia para tomar medidas que tenham como objetivo tentar conter a propagação da doença, mas não exime a União de realizar ações e de buscar acordos com os gestores locais.

Como de tradição, o presidente brasileiro foi o primeiro chefe de Estado a discursar no evento, que ocorre de forma virtual e presencial neste ano.

Tecnologia 5G

Durante seu pronunciamento, Bolsonaro citou a tecnologia 5G e afirmou que fará parcerias que "respeitem nossa soberania, prezem pela liberdade e pela proteção de dados".

"Nesta linha, o Brasil está aberto para o desenvolvimento de tecnologia de ponta e inovação, a exemplo da indústria 4.0, da inteligência artificial, nanotecnologia e da tecnologia 5G, com quaisquer parceiros que respeitem nossa soberania, prezem pela liberdade e pela proteção de dados", destacou.

No início deste mês, em transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que é dele a palavra final sobre o fornecimento da tecnologia 5G no Brasil. Na ocasião, disse que não vai decidir sozinho sobre o assunto e que consulta ministros do governo e até integrantes do governo americano sobre o tema. O leilão do 5G no Brasil, previsto para o ano que vem, é palco de disputa tecnológica entre Estados Unidos e China.

Apoio a Trump

A 42 dias das eleições americanas, Bolsonaro entrou na campanha do presidente Donald Trump, que tenta um segundo mandato, ao elogiar a iniciativa lançada pelo líder americano como solução para o conflito no Oriente Médio.

"O Brasil saúda também o Plano de Paz e Prosperidade lançado pelo Presidente Donald Trump, com uma visão promissora para, após mais de sete décadas de esforços, retomar o caminho da tão desejada solução do conflito israelense-palestino", disse.

Bolsonaro afirmou que "a nova política do Brasil de aproximação simultânea a Israel e aos países árabes converge com essas iniciativas, que finalmente acendem uma luz de esperança para aquela região".

O brasileiro também prestou solidariedade ao povo do Líbano pelas explosões que deixaram mais de 190 mortos e 6,5 milhões de feridos. Bolsonaro disse acreditar que este "momento é propício para trabalharmos pela abertura de novos horizontes, muito mais otimistas para o futuro do Oriente Médio."

O presidente ainda fez um apelo pela "liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia". Ao final, encerrou o discurso afirmando que o "Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base".

 Para Mourão, discurso de Bolsonaro na ONU está dentro da visão do governo

O vice-presidente, Hamilton Mourão, concordou com o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), disse que é preciso "contrapor a desinformação" quanto ao meio ambiente e destacou que a fala do presidente está dentro da visão do governo.

"Que existe uma campanha de desinformação, existe. Isso aí eu já comentei, e compete a nós contrapormos. Agora, eu sempre deixo claro que a contraposição tem que se dar por duas vertentes: uma vertente de uma informação qualificada e a segunda vertente é de impedir que ilegalidades ocorram para não dar margem a esse tipo de pressão", declarou Mourão.

O vice-presidente avaliou que a fala de Bolsonaro seguiu a linha de demais discursos de lideranças mundiais sobre a situação internacional e interna de cada país. "(Foi) Seguindo ali a toada dos demais discursos que estão sendo colocados, os presidentes abordando a questão da pandemia, questão das relações internacionais, situação do mundo como um todo, questão da Organização Mundial do Comércio. No nosso caso, a questão do meio ambiente. Foi abordado dentro da nossa visão", afirmou.

Mourão, que coordena o Conselho da Amazônia, evitou avaliar a declaração de Bolsonaro em que o mandatário responsabilizou índios e caboclos por incêndios florestais. "Aí é questão do presidente, que tem os dados dele ali, então, não comento isso aí", disse.

Alcolumbre desvia dos comentários

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), evitou comentar o discurso do presidente, mas afirmou que o Congresso está focado em dar respostas à destruição das florestas. Alcolumbre declarou que não acompanhou o pronunciamento. O Senado criou uma comissão externa para acompanhar a situação do Pantanal.

Além disso, há pressão para criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o tema. "Se ele fez esse discurso, eu não acompanhei. Eu sei que nós estamos fazendo e todo dia lutando para dar respostas de proteção das nossas florestas e respeitando a legislação brasileira", declarou o Alcolumbre ao chegar no Senado. 



Comente esta notícia

Nossa República é editado pela Newspaper Reporter Comunicação Eireli Ltda, com sede fiscal
na Av. F, 344, Sala 301, Jardim Aclimação, Cuiabá. Distribuição de Conteúdo: Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Nova Brasilândia e Primavera do Leste, CEP 78050-242

Redação: Avenida Rio da Casca, 525, Bom Clima, Chapada dos Guimarães (MT) Comercial: Av. Historiador Rubens de Mendonça, nº 2000, 12º andar, sala 1206, Centro Empresarial Cuiabá

[email protected]/[email protected]

icon-facebook-red.png icon-youtube-red.png icon-instagram-red.png icon-twitter-white.png