Reconhecida como escritora feminista, Charlotte Perkins Gilman nasceu em 1860, no estado de Connecticut, Estados Unidos, publicou dezenas de livros, em diferentes idiomas. Discutiu em suas obras as difíceis condições de vida das mulheres de sua época. Heloisa Seixas, no prefácio do livro “O papel de parede amarelo e outras histórias”, destaca 4 obras de Charlotte: “A mulher e a economia: um estudo das relações econômicas entre homens e mulheres”, de1898; “Sobre crianças”, de1900; “O trabalho humano”, de 1904; e “O mundo feito pelo homem: nossa cultura androcêntrica”, de 1911.
Mas é no conto “O Papel de parede amarelo” que Charlotte mostra com maestria a cruel realidade de uma mulher obrigada pelo marido, um médico, a viver isolada, depois de ter sido diagnosticada com depressão e histeria. Empurrada “ladeira abaixo” pelo isolamento, fragilizada, submetida às vontades do marido, a personagem encontra-se emaranhada com sua dor e solidão nas rasuras e frestas do já desgastado papel amarelo da parede de seu quarto.
Como filósofa, Charlotte é considerada por muitos estudiosos uma pensadora pragmatista, como mostra Laura Elizia Haubert. Há, inclusive, indícios de que ela tenha tido embates de ideias com John Dewey, considerado o pai do pragmatismo, uma vez que viveram em Nova York praticamente na mesma época.
Haubert lembra em seu artigo “Uma introdução ao pragmatismo na filosofia de Charlotte Perkins Gilman” as frases mais famosas de Charlotte: “vida é um verbo, não um substantivo. Vida é viver, viver é fazer, vida é aquilo que é feito pelo organismo”. Estas frases sintetizam, segundo a professora Laura Elizia Haubert a proximidade do pensamento de Charlotte com as ideias de John Dewey, o seja, a vida como um processo em construção.
A contemporaneidade do pensamento de Charlotte foi adaptado para uma peça teatral, em cartaz recentemente em São Paulo. “O papel de parede amarelo e EU” é um monólogo interpretado por Gabriela Duarte, dirigida por Alessandra Maestrini e Denise Stoklos. O controle da mente e do corpo da mulher escrito em 1892 continua atual nas estatísticas de feminicídio e de violência contra as mulheres.