O município registra transformação na agricultura familiar, com foco em lavouras de mandioca destinadas ao consumo externo. Anteriormente, a produção local atendia apenas o comércio municipal. A Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) destinou mais de R$ 3,1 milhões em investimentos entre 2019 e 2025. Os recursos incluem máquinas, equipamentos, calcário e estruturas para pequenos produtores.
A Associação dos Pequenos Produtores Rurais de São José do Rio Claro (Aproclaro) recebeu parte desses apoios. A entidade é presidida pela produtora Vânia Fiorini. Até recentemente, São José do Rio Claro não registrava histórico de produção de mandioca para abastecimento de mercados maiores, disse Vânia Fiorini. O que existia eram pequenas roças familiares para venda direta no comércio local. Hoje, a associação opera agroindústria própria.
A unidade gera 11 empregos, todos ocupados por mulheres. Nove atuam na sede, e duas na logística. Uma delas é a irmã de Vânia Fiorini, responsável pela direção do caminhão.
A mudança iniciou com a entrega de um caminhão baú refrigerado pela Seaf. O veículo custa R$ 635 mil. Com o equipamento, a associação ampliou entregas e acessou mercados estruturados.
“Eu nunca imaginei que, com apenas três anos de associação, conseguiríamos um caminhão refrigerado, afirmou Vânia Fiorini. E ele chegou. Só com esse caminhão, estamos beneficiando mais de 10 produtores”.
O município nunca teve tradição com a mandioca, mas hoje a gente está produzindo 24 toneladas de mandioca congelada por mês.
A associação também recebeu plantadeira e arrancador de mandioca. Esses itens alteraram a visão dos pequenos agricultores sobre seu potencial. Tudo isso beneficia demais o pequeno produtor, comentou Vânia Fiorini.
“Eu sempre digo: o governo tem que investir no pequeno produtor, porque somos nós que colocamos a comida do dia a dia na mesa. Agora estamos lutando por uma farinheira, para aproveitar a mandioca que não vai para a mesa”. Atualmente, a Aproclaro entrega 2 mil quilos de mandioca por dia.
De acordo com dados do IBGE, a produção total de mandioca em Mato Grosso alcançou 1.205.000 toneladas em 2022, com foco em agricultura familiar.
Em São José do Rio Claro, a área plantada de mandioca expandiu de 3 hectares para 50 hectares nos últimos três anos, conforme relatório da assistência técnica do Senar-MT. Isso representa um aumento na produção local, alinhado aos investimentos estaduais.
Vânia Fiorini também preside fábrica de polpas. Por meio de projeto, a unidade receberá despolpadora da Seaf. “Nós ainda produzimos manualmente as polpas, são 800 quilos por mês”, explicou Vânia Fiorini. “Com a máquina, vamos ampliar nossa produção de polpas e alcançar novos mercados”.
Em municípios como Chapada dos Guimarães, a Embrapa identificou o uso de variedades de mandioca em 13 localidades da Baixada Cuiabana, incluindo cultivos para mesa e indústria em áreas de 5 hectares dedicados a pesquisas. A produção em Chapada dos Guimarães integra comunidades tradicionais, com predominância no cultivo de mandioca.
Outros municípios, como Canarana, registraram 50 toneladas de mandioca em 2022, segundo estatísticas do Agrolink baseadas em dados do IBGE. Em São José do Xingu, o volume chegou a 160 toneladas no mesmo ano. A expansão da cadeia produtiva de mandioca em Mato Grosso reflete parcerias entre estado e associações.






