Quando buscamos nossos próprios limites, tocamos os limites do outro.
Como resistir à adorável tentação de espiar a grama do vizinho, um mundinho que às vezes nos parece tão mais verde do que o nosso?
De julgar, regular, rotular, condenar, cancelar? De insistir em fazer nossas verdades e certezas individuais prevalecerem?
Por que tantas vezes escolhemos ter razão a preservar a felicidade?
E assim, ficamos dedicados em comprar brigas desnecessárias, travar batalhas que não venceremos, abraçar causas perdidas, só pelo prazer egoísta da auto validação.
Esquecemos que quando falamos de alguém, dizemos infinitamente mais sobre nós mesmos. Acabamos por revelar os piores aspectos do que somos, aflorados pela intransigência.
Quando nos metemos a vestir a capa do justiceiro, é aí que passamos ao outro lado da balança, cometendo as maiores injustiças.
Porque quase todo julgamento é raso se considerarmos apenas uma, ou algumas partes de um todo. Por isso, observar é parte do ser justo.
Compreender na quietude, sem palavras precipitadas, concedendo sempre a generosidade da dúvida. A sabedoria de quem já viu e viveu o suficiente para saber que nada é imutável, nem mesmo perfeito.
Viver é ser responsável. É, em um mundo de pretos e brancos, de oitos e oitentas, considerar as nuances e variações dos extremos. Lembrar que o equilíbrio mora na convivência dos opostos.
Baixemos as armas, encostemos escudos e armaduras. Não há certos nem errados, vencedores nem vencidos, lados opostos, rivalidades.
Há só vocês e eu, tentando fazer o melhor dentro daquilo em que acreditamos.
Não há disputa interpessoal ou conquista importante o bastante quando os maiores conflitos acontecem dentro de nós.