Se a vida é mesmo um jogo, deveríamos nos preparar melhor pra perder.
De certa forma, sempre perdemos, afinal, o destino é um adversário forte, imprevisível, competitivo e agressivo em sua estratégia. Joga melhor do que qualquer um, sabe todos os blefes e manhas, todas as trapaças. Se preciso for, joga sujo.
Mesmo quando a vitória vem, renunciamos a alguma outra coisa. No pain, no gain. E a gente se surpreende, se aborrece, não aceita, sofre, chora até a próxima partida.
E já que é inevitável, por que simplesmente não curtir a emoção da disputa enquanto ela rola e depois deixar que as coisas sigam seu rumo, que fluam, sem apegos, sem medos, sem titubear?
Oras, porque nunca nos ensinaram!
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Porque aprendemos a supervalorizar as conquistas sem nos determos aos detalhes do jogo, à jornada em si. Mesmo os contos de fadas, depois de uma série de perigos e aventuras, que parecem ser tratados como “algo menor”, que termina com um “feliz para sempre“, com a mocinha perfeita ao lado do herói invencível.
Podemos até torcer pelos vilões, mas ninguém ama os perdedores. Principalmente se formos nós. Nunca estamos confortáveis com o erro, o desconhecimento, a nossa condição falível e imperfeita.
Todo mundo se esquece de que a perda ensina, e até melhor do que a vitória. São lições mais cruas, mais pungentes, mas inesquecíveis, como a do bebê que coloca o dedo na tomada. É impossível descrever perfeitamente a sensação do choque, mas quem já levou um, com certeza relembra.
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Quanto a mim, minhas perdas vida afora, se contabilizadas, dariam uma multidão, um oceano, um continente. Mas o que elas me trouxeram de positivo e enriquecedor é infinitamente maior do que tudo isso.
Com elas, aprendi que tudo é impermanente e perecível, tanto as alegrias quanto – verdadeira bênção – a dor.
Mas que também tudo é superável, e a força de que precisamos pra passar pelos perrengues vem pra valer quando menos a sentimos dentro de nós.
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Que não adianta sofrer, consumida pelo desespero, mergulhar e se afogar no problema, pois pra cada um deles há uma infinidade de soluções, mesmo que demorem um pouco a aparecer. Não existem perguntas sem respostas, assim como não existe noite sem amanhecer.
No fim das contas, o objetivo do grande jogo não é ganhar ou perder. O que vale é não deixar de jogar. Confie nas suas habilidades, na sorte, na intuição. Aposte alto, calculando ou não os riscos, sabendo ou não todas as regras, mas aposte.
Viva pra vencer.
Simara 25/09/2020
“Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.” ROUSSEFF, Dilma. ???????????? Piadas à parte, sou daquelas que veem grandeza no sofrimento, chegando, muitas vezes, ao ponto até de romantizá-lo... Mas nada como “samba, suor e cerveja” ???????????? A felicidade é infinitamente mais bela. E por isso eu escolho a alegria.
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