Em 29 de agosto é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. A data, criada em 1996 durante o 1° Seminário Nacional de Lésbicas, lembra a existência da mulher lésbica e as pautas reivindicadas por ela como o fim da violência e a luta contra a lesbofobia.
Um dos passos dados no sentido de dar mais visibilidade às lésbicas está na mudança da sigla, de GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) para LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), uma alteração importante para que essas mulheres sejam vistas, reconhecidas e respeitadas.
“Gostaria muito que não houvesse esse dia da visibilidade lésbica, do orgulho gay e que nada disso fosse necessário, mas é. A sociedade precisa saber que existem essas pessoas, que essas mulheres estão aí, que elas são mães, professoras, médicas, juízas. São muitas mulheres que amam outras mulheres, que estão na sociedade e são profissionais maravilhosas, merecem ser respeitadas”, afirma Josi Marconi Seixas, coordenadora do coletivo Mães pela diversidade em Mato Grosso.
O coletivo é um “braço” da ONG nacional que foi trazido por Josi para o estado em 2015. Mãe de lésbica, ela criou o grupo por um medo em comum de todas outras mães de se sentirem sozinhas e não saberem como agir quando se deparam com a orientação sexual da filha.
“Buscamos dar apoio às mães que estão passando por esse momento que a gente diz que é de luto porque tudo aquilo que a gente imaginava, esperava e ansiava não vai acontecer. Até porque não é a nossa vida, mas de nossas filhas e a gente tem que aprender a lidar com essas possibilidades de amor que elas têm”.
Para Josi, há um medo em comum compartilhado por mães e pais de lésbicas, em especial com relação à segurança.
“A gente não sabe o que vai acontecer, se elas vão voltar para casa vivas, se vão sofrer violência dentro dos mais variados tipos de violência que existem, desde a física até a simbólica como uma piadinha ou um olhar, como elas vão chegar em casa, se vão chegar machucadas por todas essas violências praticadas simplesmente porque elas amam quem tem a mesma identidade de gênero”.
No coletivo as mães se acolhem, se apoiam e entendem que juntas são mais fortes. Segundo Josi, elas aprendem que o que acaba com a família é ter falta de amor, compreensão e empatia.
“Quando a gente tem amor pelos nossos filhos para além de qualquer coisa a gente segura na mão deles e sai em defesa de todos. Infelizmente há muitas famílias que não fazem isso, que brigam, batem e até expulsam de casa. A população LBGT fica vulnerável e suscetível aos vícios, depressão, suicídio”, frisa. “As violências da sociedade com as lésbicas são muitas. Como elas se vestem, quem elas amam, como elas se comunicam, o que dizem. São tão triviais, mas violências que acontecem todos os dias em todos os lugares, desde que elas acordam”.
Josi enfatiza o apoio dos pais como fundamental para que suas filhas lésbicas saibam que têm em casa um porto seguro, apoio e amor incondicional.