Depois de uma semana marcada, mais uma vez, por casos de LGBTfobia em Mato Grosso, a organização Mães pela Diversidade MT emitiu nota de repúdio contra atos verificados contra o vereador por Sorriso, Maurício Gomes (PSB). "Quando um LGBT é violentado, seja qual for a violência, as mães sentem. Não mexam com nossos filh@s. A vocês que ao invés de fazerem políticas públicas violentaram simbolicamente um vereador entendam: o amor vence o ódio".
Esta semana Maurício registrou um boletim de ocorrência, após sofrer ataques homofóbicos nas redes sociais. Usuários do Facebook identificados como Diego Luiz e Cícero Zimmermann (ex-vereador) fizeram comentários no quais classificam Maurício Gomes como "viado trouxa e irritante". Ainda afirmaram que o salário recebido por Gomes na Câmara Municipal de Sorriso seria empregado inteiramente para "bancar bofes".
"Nesta semana, o vereador de Sorriso Maurício Gomes, que não esconde sua orientação sexual, registrou BO, denunciando ataques homofóbicos. Segundo ele, os ataques partiram de pares da Câmara. Ao invés de críticas políticas, partiram para xingamentos do tipo 'viado trouxa', 'viado irritante' e corrupto, mas não para enriquecimento e sim 'bancar bofes'. Evidentemente que Maurício ficou sentido com a afronta e a organização não-governamental Mães pela Diversidade MT vem a público abraçá-lo, amenizando o sofrimento causado pelos ataques e também pela exposição de sua imagem", diz trecho da nota.
Um dos que atacaram Gomes seria sobrinho do prefeito Ari Lafin. Conforme o vereador por Sorriso, as publicações ofensivas foram feitas em virtude da sua atuação como parlamentar, que faz oposição à atual gestão na cidade.
Outro caso que chamou atenção em Mato Grosso essa semana envolveu a Miss Tangará da Serra, Ana Paula Kasper. Numa postagem, ao convidar seus seguidores para assistir a uma live, afirmou que quem não acessasse a transmissão seria "gay ou bixinha”. O vice-presidente da comunidade LGBT de Cuiabá, Clovis Arantes, em entrevista concedida ao Hipernotícias, afirmou que a atitude na miss é inadmissível. Reforçou que diante da gravidade do fato, os responsáveis pelo concurso deveriam fazer uma revisão e não descartou a possibilidade de desclassificação por atitudes homofóbicas.
"É sabido que o ódio à comunidade LGBTQIA+, assim como o machismo e o racismo, transpassa toda a sociedade, os lares, escolas, igreja, poderes. Uma hora ou outra, surge de uma forma mais evidente", diz outro trecho da nota emitida pela Ong Mães pela Diversidade MT.
Diante de toda a repercussão, Ana Paula Kasper afirmou que não viu maldade na publicação. "Não fiz para denegrir ninguém. Estou com a consciência limpa".
Dados
Em Mato Grosso, denúncias de crimes contra a comunidade LGBT dobraram no primeiro semestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado. Só para se ter uma ideia, 108 denúncias foram registradas nos seis primeiros meses deste ano, enquanto nos dois anos anteriores foram registrados 53 casos. Um dos principais motivos para o aumento do número de registros deve-se à criminalização da discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em junho de 2019. Na prática, este tipo de crime foi equiparado ao racismo.
Os dados são do Gabinete Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH), da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), obtidos com base nos boletins de ocorrência.
