#PAPO COM ELA Quarta-feira, 07 de Outubro de 2020, 11:42 - A | A

Quarta-feira, 07 de Outubro de 2020, 11h:42 - A | A

PANDEMIA E INCÊNDIO

Turismo: queda no faturamento dos hotéis em MT chega a 90%

As queimadas no Pantanal e Amazônia pioraram uma situação que já estava ruim para o setor de turismo em Mato Grosso. Por conta da pandemia de Covid-19, as viagens foram canceladas, os eventos suspensos e a queda no faturamento dos hotéis chegou a 90%, segundo Luis Carlos Nigro, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SHRBS-MT).

As acomodações (hotéis e pousadas) integram os 52 setores da economia que se movimentam por conta do turismo e, portanto, é possível imaginar o impacto negativo sofrido com as medidas de biossegurança impostas pelos governos para evitar a disseminação do novo coronavírus.

“Foi um período muito difícil e alguns setores ainda não voltaram completamente. Acredito que o turismo será o último a retomar completamente seu poder econômico”, salienta Luis Carlos apontando que, neste mesmo período do ano passado a taxa de ocupação dos hotéis era de 65%. Hoje não ultrapassa os 20%.

Ainda não há um levantamento de quantos empreendimentos fecharam as portas de maneira definitiva, mas já se sabe que pelo menos seis hotéis, em Cuiabá e Várzea Grande, não devem retomar as atividades no próximo ano.

O turismo de negócios, que era bastante forte na Capital, sofreu um impacto muito grande não apenas por conta do cancelamento dos eventos, mas pela migração para o universo virtual. Hoje as reuniões, congressos, palestras e semelhantes acontecem online, mantendo o distanciamento preconizado pelas autoridades em saúde.

“Mesmo com a retomada das atividades não haverá a mesma dinâmica. Vamos ter que reinventar o setor para atrair o participante que hoje assiste a um congresso da sua casa, no seu computador, em segurança”, observou Nigro. “O mesmo vale para os restaurantes que terão que se usar a criatividade para tirar a pessoa de casa quando é possível ter tudo à mão por meio do delivery”.

Uma das saídas para vencer a crise está no fortalecimento do turismo regional que implica em ofertar pacotes, promoções e outros atrativos para que o mato-grossense conheça as belezas do estado onde vive. Um projeto em parceria entre o trade turístico e o governo de Mato Grosso já está sendo formatado nesse sentido.

“A retomada deve acontecer para todos os envolvidos, o empresário e o turista. O empresário deve oferecer toda a segurança ao visitante que, por sua vez, precisa estar consciente das medidas de prevenção que deve seguir”, frisa Jeferson Moreno, secretário adjunto de Turismo de Mato Grosso.

Segundo ele, mais de 80% dos pacotes de viagens que as agências fechavam antes da pandemia eram para fora de Mato Grosso ou do Brasil, cenário que o governo pretende mudar com essa parceria com o trade.

“Acredito que até abril ou março do próximo ano vamos ter um turismo interno, de contemplação mais forte por conta dos receios surgidos com a pandemia. Vamos aproveitar esse momento para fazer com que o mato-grossense conheça mais o estado, com preços atrativos e descontos especiais.4

Queimadas no Pantanal

Um dos principais cartões postais de Mato Grosso (e também do Brasil) o Pantanal mato-grossense ganhou as manchetes nacionais e internacionais por conta das queimadas dos dois últimos meses. Cenas de paisagens desérticas e animais mortos foram vistas, compartilhadas, comentadas mundo afora. Além da preocupação global com a destruição do bioma, houve o cancelamento das reservas nas pousadas e hotéis e a debandada de turistas que começavam a se preparar para voltar à região após a suspensão de algumas restrições.

“O incêndio foi muito marcante, mas afetou até agora 20% do bioma, ou seja, 80% do Pantanal está preservado. O problema é que as queimadas estão próximas das estradas onde o turista trafega, mas acredito que, com o retorno do período das chuvas, em 3 a 4 meses pelo menos o básico da vegetação estará de volta”, observa Nigro.

Ainda que o cenário atual seja desolador, ele acredita que 2021 será um ano positivo para o Pantanal por conta do interesse despertado no turista internacional de vir conhecer a região.

As queimadas no Pantanal são resultado da combinação de uma série de fatores – estiagem prolongada, ventos fortes, biomassa acumulada e altas temperaturas – mas uma legislação específica para a região é apontada como uma das maneiras de evitar que a situação se repita nos próximos anos.

“A legislação ambiental precisa ser alterada especificamente para essa região. A queima no Pantanal é algo que precisa ocorrer todos os anos para evitar o acúmulo de biomassa, mas de maneira controlada e segura. O Pantanal é um bioma diferente que precisa de uma legislação diferente”, frisa Nigro.

“A discussão sobre o Pantanal deve ocorrer de maneira conjunta com Mato Grosso do Sul já que o bioma é o mesmo”, acrescenta Moreno.

Toda essa situação negativa para o turismo em Mato Grosso, no entanto, trouxe importantes lições. Uma delas é a necessidade de união entre empresários e população.

“Todos têm uma parcela de culpa porque não nos unimos para cobrar uma ação efetiva do poder público para que isso não acontecesse. Os políticos estão mal acostumados e a população acomodada. É preciso aprender a cobrar os gestores para que as necessidades das pessoas sejam atendidas. Um exemplo é esse incêndio no Pantanal, cujos avisos vêm de muito tempo” conclui Nigro. 



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