Impactado em 100% com a Covid-19 o setor de shopping centers viu as portas dos estabelecimentos se fecharem no início de março quando a pandemia foi decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), todos os 577 shoppings do país tiveram as operações afetadas pela crise sanitária.
Protocolos e decretos municipais agora ditam as regras nestes espaços que, após mais de 90 dias fechados, estão tendo que se adaptar ao chamado novo normal. Em Cuiabá a reabertura dos shoppings foi autorizada com o decreto 8.020, de 27 de julho. Os locais podem funcionar de segunda a sábado, das 11h às 21h. A venda de alimentos, nos domingos e feriados, será permitida apenas no sistema de entrega (delivery), até às 24h.
Quem frequentar esses espaços irá se deparar com uma série de “novidades” como o distanciamento social, uso de máscaras, limite de pessoas no elevador, distância de degraus na escada rolante e demarcações das filas, além de comunicação e sinalização intensas para orientar os clientes.
A Abrasce lançou o Protocolo de Operações para Reabertura dos Shoppings, desenvolvido junto com a consultoria do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e conta com mais de 20 medidas para auxiliar os associados na reabertura.
Apesar dos previsíveis prejuízos com o fechamento físico das lojas, a pandemia trouxe ensinamentos e algumas mudanças que devem permanecer nesse novo normal como as plataformas digitais e os projetos de market place (espécie de shopping center virtual onde vários fornecedores se inscrevem e vendem seus produtos).
“As vendas online foram a solução nesse momento de pandemia. Os shoppings precisavam se fazer existir e estar nas plataformas foi fundamental para que não desaparecessem e fossem ao encontro do cliente”, observa Bianka Correa, arquiteta especialista em varejo. “O digital vem complementar a loja física, já que o homem é um ser social que sente essa necessidade de estar próximo a outras pessoas”, complementa.
Dentro desse cenário, a arquiteta enfatiza a necessidade de reconstruir o relacionamento com o cliente, criando laços de segurança e confiança. “Esse é um processo no qual o lojista precisa considerar vários aspectos, entre eles o visual da loja física, que precisa ser atrativa e trazer novidades. Se estiver do mesmo jeito de antes da pandemia, esquece”, frisa a arquiteta.
Na opinião de Bianka, os shoppings precisam “vender” segurança já que o medo de sair de casa ainda é um sentimento comum a muitas pessoas, apesar de todas as medidas preventivas feitas pelos estabelecimentos. “Aos poucos as pessoas vão se sentir mais à vontade para sair e isso precisa ser respeitado. Nos últimos meses elas aprenderam a fazer tudo online, por que vão escolher sair de casa agora e correr riscos?”, questiona.
O fechamento obrigatório fez com que muitos shopping centers repensassem investimentos e focassem em novos formatos, fortalecendo ainda mais o comércio eletrônico. O 3 Américas, por exemplo, oferece desde maio a chamada landing page, um local onde há o contato direto com as lojas para que o cliente possa fazer sua compra por aplicativos de mensagem ou rede social. A plataforma foi lançada por ocasião do Dia das Mães.
No Goiabeiras Shopping existe uma ferramenta semelhante, um aplicativo que apresenta os produtos e fecha a venda em um ambiente seguro. O cliente pode fazer a compra por meio de aplicativo de mensagem.
No Pantanal Shopping os lojistas também passaram a contar com ferramentas de apoio que diversificam os canais de venda como a comercialização por meio de aplicativos e o drive thru.
"O perfil dos investimentos futuros vai mudar. No pós-covid devemos acelerar o ritmo dos investimentos nas soluções digitais", ressaltou o presidente da BRMAlls, Ruy Kameyama. A empresa administra o shopping Estação Cuiabá. O executivo disse que a companhia adotou uma postura "mais cautelosa" em relação a expansões, que ficarão fora as prioridades no curto prazo.
Para a arquiteta Bianka Correa, ações que demonstram respeito e cuidado com o cliente são essenciais nesse período de retomada, especialmente para um público que valoriza a proximidade e a socialização como o cuiabano.