Um susto ao se deparar com a conta do supermercado. Assim tem sido a realidade dos brasileiros que, nas últimas semanas, têm acompanhado apreensivos a alta no preço de produtos de consumo básico, os chamados itens essenciais como arroz, óleo de cozinha e leite. Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) revela que o custo da cesta básica em Cuiabá em 31 de agosto deste ano estava em 523,60, uma pequena variação em relação a julho (523,00).
O arroz é o vilão da vez, registrou alta em 15 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O aumento, segundo o órgão, se deve à retração dos produtores que aguardam melhores preços para comercializar o cereal e efetivam apenas vendas pontuais no mercado interno.
Para o economista João Adolfo há mais de uma explicação para o preço elevado do produto nas prateleiras dos supermercados e, consequentemente, na mesa do consumidor.
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“É preciso avaliar toda a conjuntura como o dólar alto, que incentiva exportação fazendo com que falte no mercado interno. Há ainda o aumento do consumo com o chamado novo normal. Por conta da pandemia, as pessoas estão em casa por mais tempo. É a lei da oferta e demanda e a tendência é essa mesmo, de aumento de preços”, explicou.
Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, classificou essa alta nos alimentos como “transitória e localizada”, sem apresentar risco para o controle da inflação. “O aumento que estamos vendo agora não é generalizado, mas localizado em alguns produtos da cesta básica. Vai durar alguns meses e depois retorna à normalidade", disse.
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Enquanto os preços não caem, come-se macarrão. A sugestão veio do presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, que anunciou uma campanha para que o brasileiro substitua o grão pela massa.
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O economista João Adolfo dá uma sugestão mais sensata, optar por marcas mais baratas neste momento. “O ideal é fazer uma boa pesquisa de preço e optar pelas substituições, agir de forma inteligente até que a situação mude”.
A dica vale não apenas para o arroz, mas para outros produtos como o óleo de soja, leite e carne. Estes dois últimos estão mais caros por conta da estiagem e da baixa disponibilidade de matéria-prima no campo.
Ação
Para tentar conter a alta do preço do arroz a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu nesta quarta-feira (9) zerar a tarifa de importação do cereal. O governo estabeleceu uma cota de 400 mil toneladas do produto até o fim do ano que pode entrar no país sem a taxa. De acordo com o órgão, o montante vale para o arroz com casca e o beneficiado.
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De acordo com fontes do Ministério da Agricultura, o total liberado é considerado suficiente para ajudar a conter a subida no preço do arroz no varejo e garantir que não faltará produto nas prateleiras. Neste ano, até agosto, o Brasil importou 45.087 toneladas de arroz com casca e 372.890 toneladas de arroz beneficiado (sem casca, parbolizado e polido).
A ideia é justamente tirar a taxa para que aumente a compra enquanto os preços internos estão altos. A alíquota de importação de países de fora do Mercosul é de 12% para o arroz.