A conhecida frase “sou brasileiro e não desisto nunca” poderia resumir a história de vida da empresária Elaine Cristina Guimarães, 38. Proprietária da Art Kids, loja de roupas infantis em Cuiabá, essa poconeana de pensamento acelerado percorreu um longo e, por vezes, tortuoso caminho até chegar onde está hoje.
Elaine morou em Pirizal, uma vila em Nossa Senhora do Livramento até os 9 anos, quando se mudou para Várzea Grande para continuar os estudos longe da família. Aos 16 anos ela concluiu o então chamado segundo grau e voltou para o sítio para cuidar da mãe, que estava doente. Lá ficou por dois anos e trabalhou como secretária da escola da vila. Com a mãe recuperada, Elaine foi embora novamente.
“Ali era pequeno demais para o tamanho do meu sonho”, conta.
Ela voltou para Várzea Grande, onde morava com uma tia. Trabalhou de babá e depois de frentista em um posto de gasolina onde conheceu o marido. Algum tempo depois pediu demissão para ser vendedora freelancer e também trabalhou como manicure. “Nunca fiz curso, aprendi sozinha porque amava esmalte”, revela.
Aos 21 anos a empresária decidiu morar sozinha. Com a ajuda da família e amigos ganhou fogão, geladeira, cama e alugou um quarto nos fundos de uma casa. “No começo foi difícil, mas eu não desisti”.
Em 2007, já casada e trabalhando como secretária em um consultório médico, ela cursou Ciências Contábeis e passou a trabalhar na área, em uma empresa, onde ficou por cinco anos. Nos finais de semana ela fazia unhas em domicílio para complementar o salário.
Em 2014 a empresária engravidou das gêmeas Heloisa e Maísa e, um mês depois de voltar da licença-maternidade, foi demitida da empresa onde trabalhava. “Como acontece com a maioria das mulheres no país”, conta. “Fiquei desesperada. Como ia ajudar meu marido a sustentar a família?”, questiona.
Foram seis meses sem emprego até ser contratada por uma empresa que Elaine descobriu estar em recuperação judicial e de onde saiu um mês depois de contratada.
“Nessa época fomos para Curitiba, para o aniversário da filha de um amigo. Visitamos uma cidade próxima a Jaraguá do Sul e ali me apaixonei pelo mundo infantil. Visitei muitas lojas e, quando voltamos para Cuiabá, contei ao meu marido que ia abrir uma microempresa e vender roupas para crianças”, relata.
Com um investimento de R$ 7 mil ela comprou as roupas que continuou vendendo mesmo após ser contratada por uma empresa, de onde foi demitida 11 meses depois.
“Foi aí que decidi que não ia mais trabalhar para os outros e ia abrir a minha própria loja. Ainda não sabia como. Encontrei uma antiga amiga e contei a ela sobre a minha vontade. Ela se animou e viramos sócias”, conta.
A sociedade foi desfeita 20 dias antes da inauguração, mas Elaine não desanimou. A loja abriu as portas em 22 de junho de 2017. “Não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo. No começo não foi fácil. A loja ficava em um prédio novo, ainda desconhecido”.
No ano seguinte, em busca de clientes, Elaine descobriu o Instagram e, desde então, os negócios iam “de vento em popa” até que veio a pandemia de Covid-19.
“No começou bateu um medo. Vinha sozinha para a loja para atender os clientes via aplicativo de mensagens. As redes sociais me ajudaram muito. Aprendi a criar conteúdo, o que postar, o que mostrar e dizer para estar em sintonia com o meu público, a minha persona”, ensina.
Segundo a empresária, os meses de março e abril foram difíceis, com queda de até 70% nas vendas. “Em momento algum eu pensei em desistir porque pensava: ‘uma hora vai haver uma luz no fim do túnel’”.
No início de abril ela decidiu apostar em produtos diferentes e reaqueceu as vendas online. Todo o esforço compensou, mas Elaine diz que hoje trabalha muito mais do que antes.
Fiz um curso sobre como vender por meio de grupos de WhatsApp, que foi o mapa da mina e, em uma hora e meia, vendi R$ 10 mil em cada um dos 3 outlets em um grupo exclusivo do aplicativo de mensagens”, conta.
Com o relaxamento das medidas restritivas em Cuiabá a loja reabriu as portas há 3 semanas.
“Sempre amei vender. Comecei por conta das minhas filhas e contei muito com o incentivo e apoio do meu marido. Sem ele eu não estaria onde estou hoje. Ele abraçou a causa, acreditou, me deu dinheiro, me apoia e ajuda. Hoje, com as meninas em casa por conta da pandemia, é ele quem cuida delas, pois está em home office”.
Expandir a loja e ter um ponto próprio estão entre os planos da empresária que diz ter aprendido muito com toda a experiência.
“Vim de um lugar muito simples e sou muito grata por todas as oportunidade que tive. Digo às minhas filhas que é preciso ter humildade sempre, é possível conquistar tudo sem passar por cima dos outros, com esforço e dedicação”, conclui.
Em tempo: a campanha “Eu sou brasileiro e não desisto nunca” foi lançada em 2004 pela Associação Brasileira de Anunciantes com o objetivo de resgatar a autoestima do brasileiro que andava em baixa na época.
Letícia 16/08/2020
A Elaine tem uma loja com produtos e atendimento de excelente. Não reclama da situação, ela bateu a crise da pandemia no peito e mandou embora com muito trabalho e dedicação. Parabéns pela dedicação com todos os seus clientes ????????????????????????
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