DESENVOLVIMENTO Terça-feira, 21 de Julho de 2020, 16:18 - A | A

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PANDEMIA

Primeiro semestre é marcado pelo fechamento de empresas

Angélica Moraes

A decretação da quarentena por conta da Covid-19 em Mato Grosso em março fez com que muitas empresas fechassem as portas em definitivo, um comportamento visto em todas as regiões do país. De acordo com dados da Junta Comercial de Mato Grosso, houve um aumento de 14% no fechamento de empresas nos primeiros seis meses de 2020.

Mato Grosso fechou o primeiro semestre deste ano com a abertura de 9.257 empresas, e a baixa de 6.217 empreendimentos. Os números representam um aumento de baixa de empresas de 14,5% em comparação com 2019, que registrou o fechamento de 5.428 empreendimentos no período. 

O fechamento de empresas vem sofrendo aumento desde 2018, ano que registrou 4.215 encerramentos formais. Por outro lado, houve queda de 9,9% na abertura de empresas, em comparação com o mesmo período no ano passado, que registrou 10.280 novos empreendimentos. Os dados são da Jucemat, que é a responsável pelo arquivamento de registros empresariais.

Apesar da diminuição, o número de aberturas de 2020 é superior ao de 2018, que registrou 8.983 novos empreendimentos. O levantamento leva em consideração os setores de indústria, comércio, serviços e agropecuária, e deixam de fora os Microempreendedores Individuais (MEI). 

Levantamento por setor

O setor de Serviços representa a maior fatia de empresas abertas, com 52,1% do total de 9.257 novas empresas. O comércio alcança 32,9%, a Indústria 9,6%, e o setor de Produção Agropecuária, Florestal, e Pesca e Aquicultura, o total de 5,2%.

Já os fechamentos se concentram no Comércio, com 44,8% do total de 6.217 encerramentos de atividade. Em seguida vem o setor de Serviços, com 42,2%, a Indústria com 10,4%, e as empresas relacionadas com a Agropecuária, Florestal, Pesca e Aquicultura, fecharam o semestre representando 2,5% dos fechamentos.

Atualmente há 347.490 empresas ativas em Mato Grosso, das quais 53% são do setor de serviços, 36% do Comércio, 9% da Indústria, e 2% do setor Agropecuário. 

A empresária Caroline Ferreira de Amorim viu os clientes desaparecerem após o início da pandemia. Proprietária de uma casa de festas que incluía montagem de decoração infantil, locação de kits e de brinquedos como pula-pula e piscina de bolinhas, ela chegou a ter 4 funcionários mas, no início da pandemia, contava com apenas dois. A empresa tinha 3 anos de funcionamento.

“Estava desanimada com a desvalorização do setor e, por isso, não tentei nada alternativo após a decretação da quarentena. A pandemia foi apenas um empurrão para fechar a empresa”, conta Caroline.

Ela diz que não ficou com muitas dívidas, seja com clientes ou fornecedores, mas ainda tenta vender alguns brinquedos que ficaram na loja. “No pós pandemia não pretendo retomar a loja, quero trabalhar em outro ramo”, conta.

Também na área de entretenimento, o bar Cão Latino encerrou as atividades em maio por conta da pandemia. Um dos mais badalados da Capital, funcionava desde 2018 no bairro Boa Esperança e era conhecido pela boa música e bons drinks, por isso estava sempre muito movimentado.

A churrascaria Favo de Mel, em Cuiabá, fechou as portas em junho. A rede, que tem como sócio o cantor Marrone, foi inaugurada em agosto de 2019 e esteve envolvida em alguns episódios polêmicos. No início da pandemia a empresa optou pelo sistema delivery, que não durou muito.

“Diante dos fatos e das incertezas econômicas do momento crítico que estamos todos vivendo devido a pandemia; reduzimos despesas e tivemos significativamente redução de nossas receitas. Sendo assim, não conseguimos encontrar motivação para continuarmos desempenhando com a mesma qualidade, diversão e alegria nossos trabalhos”, disse a empresa em nota ao anunciar o encerramento das atividades.

Crise nacional

Entre 1,3 milhão de empresas que na primeira quinzena de junho estavam com atividades encerradas temporária ou definitivamente, 39,4% apontaram como causa as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. Esse impacto no encerramento de companhias foi disseminado em todos os setores da economia, chegando a 40,9% entre as empresas do comércio, 39,4% dos serviços, 37,0% da construção e 35,1% da indústria.

As informações são da nova Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresa, que integra as estatísticas experimentais do IBGE. 

Entre 2,7 milhões de empresas em atividade, 70% reportaram que a pandemia teve um impacto geral negativo sobre o negócio e 16,2% declararam que o efeito foi pequeno ou inexistente. Por outro lado, 13,6% afirmaram que a pandemia trouxe oportunidades e que teve um efeito positivo sobre a empresa.

Por segmento, o maior percentual de empresas em que a pandemia tem tido efeito negativo está no setor de serviços (74,4%), seguido por indústria (72,9%), construção (72,6%) e comércio 65,3%.

“Os dados sinalizam que a Covid-19 impactou mais fortemente segmentos que, para a realização de suas atividades, não podem prescindir do contato pessoal, têm baixa produtividade e são intensivos em trabalho, como os serviços prestados às famílias, onde se incluem atividades como as de bares e restaurantes, e hospedagem; além do setor de construção”, explica Alessandro Pinheiro, Coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE.

Pequenas foram mais atingidas

Para sete em cada dez empresas em atividade, a pandemia implicou diminuição sobre as vendas ou serviços comercializados na primeira quinzena de junho, em relação ao período anterior ao início da pandemia. O impacto foi maior entre as companhias de pequeno porte, com até 49 funcionários, em que 70,9% reportaram redução nas vendas.

Mas também foi percebido por 62,9% das empresas do porte intermediário (entre 50 e 499 pessoas ocupadas) e 58,7% das empresas de maior porte (acima de 499 funcionários). Entre os setores, a redução nas vendas foi maior na construção (73,1%) e nos serviços (71,9%), especialmente os serviços prestados a famílias (84,5%) e no comércio (70,8%) com destaque para a comercialização de veículos, peças e motocicletas (75,5%). Na indústria 65,3% das empresas reportaram redução nas vendas.

Cerca de 60% das empresas relataram maior dificuldade na capacidade de fabricar produtos e de atendimento aos clientes durante a primeira quinzena de junho, em relação ao período anterior ao início da pandemia – reportado por 67,2% das empresas do comércio, 65,5% da construção e 59,5% dos serviços.

Outras 60,8% revelaram ter tido dificuldade no acesso aos fornecedores, com impacto maior no comércio (74,0%) especialmente na comercialização de veículos, peças e motocicletas (87,4%). Na indústria, esse impacto foi reportado por 62,7% das empresas em funcionamento

Para 63,7% das empresas foi difícil realizar pagamentos

Para 63,7% das empresas em atividade houve dificuldades em realizar pagamentos de rotina em relação ao período anterior a pandemia, sendo que essa dificuldade atingiu 64% das empresas menores e 35,6% das de maior porte.

“Essas dificuldades foram bastante disseminadas pelos setores, chegando a sete em cada dez empresas do comércio, e seis em cada dez da indústria e dos serviços. Mas vale ressaltar que 33% do total de empresas em operação não reportaram alteração significativa, ou porque já conseguiram retomar suas atividades e receitas ou tinham uma boa reserva e continuam com fluxo financeiro para realizar os pagamentos”, destaca o Coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas, Flávio Magheli.

A coleta da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, que vai acompanhar os efeitos da pandemia do novo coronavírus nos setores da indústria, construção, comércio e serviços - começou no dia 15 de junho e foi feita por telefone com cerca de duas mil empresas.

Os resultados serão divulgados quinzenalmente com informações para o país e grandes regiões. A primeira divulgação traz comparações entre a primeira quinzena de junho e o período anterior ao início da pandemia, em 11 de março. (Com Assessoria) 



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