Com base em informações publicadas pela Agência Brasil e outros portais de notícias, o governo brasileiro confirmou o início das negociações com os Estados Unidos nesta quinta-feira, 16 de outubro de 2025, para discutir a taxação adicional de 50% imposta sobre produtos nacionais exportados para o mercado norte-americano. Este é o primeiro encontro formal entre autoridades dos dois países após uma conversa por videoconferência entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, no início do mês.
Ao comentar a conversa com o líder norte-americano durante um evento no Rio de Janeiro, o presidente Lula fez uma referência ao encontro que tiveram na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, quando Trump mencionou uma "química excelente" entre eles. "Não pintou química, pintou uma indústria petroquímica", disse Lula, antes de confirmar a agenda diplomática. "Amanhã nós vamos ter a conversa de negociação".
Após a conversa entre os presidentes, Donald Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para conduzir as negociações. Rubio, por sua vez, convidou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, para liderar a delegação brasileira em Washington. Vieira desembarcou na capital dos Estados Unidos na terça-feira (14) para cumprir a agenda de trabalho.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiantou que o Brasil apresentará argumentos econômicos para reverter a medida. Segundo ele, o principal ponto é que a taxação "está encarecendo a vida do povo estadunidense". Haddad também lembrou que os Estados Unidos já possuem um superávit comercial com o Brasil e destacou que o país oferece diversas oportunidades de investimento, especialmente em áreas como "transformação ecológica, terras raras, minerais críticos, energia limpa, eólica e solar".
Em resposta às medidas norte-americanas, o presidente Lula afirmou que o Brasil poderá adotar uma postura de reciprocidade caso as negociações não avancem. "É muito simples, se ele [Trump] taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os Estados Unidos", declarou Lula.
Entenda a taxação
A imposição de tarifas ao Brasil faz parte de uma política mais ampla da Casa Branca, iniciada por Donald Trump, que visa elevar taxas contra parceiros comerciais na tentativa de reverter a perda de competitividade da economia norte-americana, principalmente em relação à China.
Em 2 de abril, o governo Trump impôs barreiras alfandegárias a diversos países. No caso do Brasil, como os Estados Unidos possuem superávit na balança comercial bilateral, foi aplicada a taxa mais baixa, de 10%.
Contudo, em 6 de agosto, uma tarifa adicional de 40% entrou em vigor especificamente contra o Brasil. A medida foi justificada como uma retaliação a decisões que, segundo o governo norte-americano, prejudicariam empresas de tecnologia dos EUA, e também como uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entre os principais produtos brasileiros afetados pela taxação de 50% estão café, frutas e carnes. Cerca de 700 itens, que representam aproximadamente 45% das exportações do Brasil para os EUA, ficaram de fora da lista inicial de tarifas adicionais. Entre os produtos isentos estão suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo motores e componentes. Posteriormente, outros produtos também foram liberados da taxação extra.






