NOTICIÁRIO Sábado, 03 de Outubro de 2020, 10:30 - A | A

Sábado, 03 de Outubro de 2020, 10h:30 - A | A

IMUNIZAÇÃO

Campanha Nacional de Vacinação começa nesta segunda-feira

Começa nesta segunda-feira (05) e vai até o dia 30 de outubro a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e a Campanha Nacional de Multivacinação para atualização da caderneta de vacinação das crianças e adolescentes até 15 anos de idade. O dia 17 de outubro será o dia D de divulgação e mobilização nacional.

Além de reduzir o risco de reintrodução do vírus da poliomielite no Brasil (não há circulação do poliovírus selvagem desde 1990), as campanhas têm como objetivo oportunizar o acesso às vacinas, atualizar a situação vacinal, aumentar as coberturas vacinais e homogeneidade, diminuir a incidência das doenças imunopreveníveis e contribuir para o controle, eliminação e/ou erradicação dessas doenças.

As doenças imunopreveníveis são aquelas que podem ser evitadas por meio da aplicação de vacinas. Além da poliomielite há o tétano, difteria, sarampo, rubéola e caxumba.

Para a vacinação contra poliomielite, o público-alvo são as crianças menores de 5 anos de idade. As crianças de até 11 meses e 29 dias deverão ser vacinadas com a Vacina Inativada Poliomielite (VIP). Já as crianças de um a cinco anos que já tenham recebido as três doses da VIP, deverão receber a Vacina Oral Poliomielite (VOP)

“Nossa meta é vacinar 95% deste público na Capital”, explica a responsável técnica da Imunização, Sandra Horn.

Na multivacinação, o público-alvo são as crianças e adolescentes menores de 15 anos. Para as crianças de até 7 anos serão oferecidas as vacinas contra BCG, Hepatite B, Penta, Polio inativada, Polio oral, Rotavírus, Pneumo 10, Meningo C, Febre amarela, Tríplice viral (sarampo,caxumba e rubéola), Tetra viral (sarampo,caxumba, rubéola e varicela), DTP, Hepatite A e Varicela.

Para crianças acima dos 7 anos e adolescentes serão disponibilizadas as vacinas contra Hepatite B, Febre amarela, Tríplice viral, Difteria e tétano adulto, dTpa, Meningocócica ACWY, HPV quadrivalente e Varicela.

Sandra enfatiza que durante a campanha serão tomadas todas as medidas de proteção para diminuir o risco de contágio do coronavírus.

“Vamos adotar as estratégias de distanciamento social, uso de EPIs, higienização constante das mãos, enfim, todas as medidas que a população já está familiarizada”.

Todos que comparecerem aos postos de saúde deverão usar máscara. Os responsáveis pelas crianças precisam levar o cartão do SUS e a caderneta de vacinação.

Cobertura vacinal

Com o isolamento social e o medo de comparecer aos serviços de saúde durante a pandemia de Covid-19, a cobertura vacinal no Brasil este ano está muito abaixo da meta, com algumas vacinas do calendário básico do Programa Nacional de Imunização (PNI) não atingindo metade do público-alvo esperado.

O alerta foi feito no mês passado pela Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) que lançou a campanha #CRIE+proteção, para divulgação dos serviços gratuitos dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Cries).

O presidente da SBIm, Juarez Cunha, apresentou dados do Data SUS referentes a agosto, segundo os quais nenhuma cobertura para crianças até 2 anos atingiu 60% do público-alvo no período. No caso da hepatite B, estava em 45,35%, da poliomielite, em 51,75% na primeira dose e 45,23% no primeiro reforço e, no reforço da tríplice viral, em 44,34%. E apenas 10% das gestantes tomaram a dTpa no mês passado. Essa vacina protege contra difteria, tétano e coqueluche.

Cunha alertou que a falta de vacina pode trazer complicações importantes para a saúde coletiva, no momento em que se discute a reabertura das escolas e o retorno às aulas presenciais para crianças e adolescentes.

“Temos vacinas seguras, eficazes e gratuitas e o risco é muito grande se continuarmos com cobertura vacinal tão baixa”, disse o médico. Ele enfatizou que os dados de agosto são preliminares, mas que os números atuais estão na faixa de 60%, o que é muito baixo.

Segundo Cunha, o risco é que todas essas doenças, que estão eliminadas ou controladas, podem retornar, principalmente com o retorno da mobilidade de toda a população e o retorno às aulas. “É muito importante que todas as crianças estejam com a vacinação em dia”, afirmou.

Ele lembrou que, no ano passado, não se atingiu a meta em nenhuma vacina para até 2 anos, com praticamente todas ficando abaixo dos 85%.

Hesitação

A vice-presidente da SBIm, Isabella Ballalai, ressaltou que, desde 2017, a cobertura vacinal vem caindo, com o aumento do movimento de “hesitação ante a vacina”, o que levou o país ao retorno, por exemplo, do sarampo, com 18 mil casos em 2018, 10 mil em 2019 e ter registrado quase 8 mil casos este ano, apesar da pandemia e do isolamento social.

Para Isabella, é preciso se orgulhar do PNI: “o brasileiro confia na vacina, isso se repete nas pesquisas, mas por conta de todos esses fatores da hesitação, registramos este ano mais de 7 mil casos de sarampo. Como estaria o sarampo se não estivéssemos trancados em casa? O que pode acontecer com a poliomielite com uma cobertura vacinal em crianças menores de 1 ano agora em torno de 50%? Essa doença pode voltar, como voltou o sarampo.”

O médico e divulgador científico Dráuzio Varella disse que a expectativa de vida no país mais do que dobrou no último século, passando de 35 anos em 1900 para 76 anos atualmente. Varella afirmou que a vacinação é responsável por boa parte desse avanço, ao lado do saneamento básico e das melhores condições de higiene, e condenou veementemente os movimentos contrários à vacinação.

“Você faz o que quiser da sua vida, mas fazer uma propaganda para convencer as pessoas a não levar o filho para vacinar é crime, não tem outra palavra. Você não teve poliomielite porque seus pais o vacinaram. E agora você nega esse recurso para os seus filhos? A gente deveria ter leis muito severas contra esses grupos.”

De acordo com a médica do Crie Martha Lopes, o programa de vacinação brasileiro, criado em 1973, é o maior do mundo e foi responsável pela eliminação da poliomielite no país desde 1994 e da rubéola desde 2015. (Com Agência Brasil)



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