O deputado federal Carlos Bezerra (MDB), acompanhado da esposa e secretária estadual de Agricultura Familiar, Teté Bezerra, foram filmados chegando à Penitenciária Central do Estado (PCE), local onde está preso o filho do parlamentar, fruto de seu primeiro casamento, Carlos Alberto Gomes Bezerra, 57. Ele foi preso em flagrante na última pela morte da ex-companheira, Thays Machado, 44 anos, e do atual namorado dela, Willian César Moreno, 30 anos.
Em nota à imprensa após o ocorrido, o deputado federal disse que a tragédia destruiu três famílias e afirmou estar devastado com a atitude do filho.
Depois de audiência de custódia, Carlos Alberto teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, quando não há tempo determinado para ficar encarcerado. Por ter ensino superior, a defesa do réu solicitou cela especial. Desta maneira, Carlos está sozinho no raio 8 da penitenciária.
O juiz da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, Wladymir Perri declinou da competência por considerar o crime cometido por Carlos como feminicídio. Houve novo sorteio e a juíza 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Famíliar Contra Mulher de Cuiabá, Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa ficou responsável pelo caso. Ela suspendeu o sigilo do inquérito.
Na decisão pela prisão preventiva, a magistrada apontou que pela posição social que ocupa, Carlos Alberto tinha certeza da impunidade. E pelo risco que representa à sociedade, deveria permanecer preso.
“As provas até então produzidas nos autos demonstram a tentativa do custodiado de se furtar da aplicação da lei penal e a sua conduta, o desprezo pela vida e uma crença na impunidade, capaz de lhe levar a prática de um feminicídio e um homicídio qualificado em plena tarde de um dia de semana, perto de uma avenida movimentada, em frente a um condomínio residencial, desferindo vários tiros a esmo a partir do próprio veículo registrado em seu nome, tiros estes dos quais seis acertaram as vítimas, sendo nítido em meu sentir que o mesmo contava com a impunidade decorrente de sua posição social”.
A juíza responsável pelo caso ainda apontou a crueldade do crime, que pode ser constatada pelas imagens de segurança do prédio onde o fato ocorreu, por volta das 17 horas, da última quarta-feira. Ponderou que o réu sabia que naquela prédio, o edifício Solar Monet, residia a mãe de Thays e mesmo assim não exitou em praticar o feminicídio. Reforçou também que Thays tinha uma filha de 12 anos, que ficou órfã, e que esse fato era de conhecimento de Carlos Alberto, uma vez que conviveu com a mãe da adolescente.
“Não há como deixar de considerar que os delitos foram praticados por aparente motivo fútil (ciúmes e inconformidade com o fim do relacionamento e o novo relacionamento estabelecido a pouco tempo pelas vítimas) e à traição enquanto ambas as vítimas esperavam na calçada de maneira que tornou impossível a defesa das vítimas”, ressaltou a juíza.
O crime
Thays e Willian foram até o edifício Solar Monet, na tarde de quarta-feira (18), para devolver o carro da mãe de Thays. Ela havia pegado o veículo para buscar Willian no aeroporto, uma vez que o namorado estava chegando de São Paulo, onde residia, apesar de ser de Cuiabá.
O casal se deslocou para a calçada em frente ao prédio para esperar um carro de aplicativo. Eles tinham como destino a casa de Thays. No entanto, foram surpreendidos por Carlos, que com uma pistola calibre 380, disparou vários tiros, sendo que pelo menos quatro acertaram Willian e três Thays. Os ferimentos foram fatais. Não houve tempo sequer para pedir auxílio médico.
Depois disso, Carlos fugiu e se escondeu em uma fazenda no município de Campo Verde, de propriedade da família. A Polícia Civil conseguiu descobrir a localização do acusado e realizou a prisão em flagrante. No momento, Carlos disse que agiu de forma emocional e que a atitude seria explicada por uma neuropatia diabética.
Contudo, em coletiva de imprensa, o delegado responsável pelo caso, descartou a forte emoção e afirmou que existem várias evidências que apontam para a premeditação do crime, sendo uma delas o fato de Carlos já estar rondando o prédio onde o crime aconteceu dois dias antes das mortes.
Thays era servidora do Poder Judiciário e apesar dos vários boletins de ocorrência lavrados contra Carlos por perseguição e ameaça, não conseguiu se livrar do desfecho trágico ocorrido na ultima quarta-feira.
Willian foi sepultado na quinta-feira e Thays cremada na sexta.