NOTICIÁRIO Sexta-feira, 31 de Julho de 2020, 15:22 - A | A

Sexta-feira, 31 de Julho de 2020, 15h:22 - A | A

VÍRUS FATAL

Em MT, 77 indígenas morrem por Covid; Xavantes são mais afetados

Michely Figueiredo
Da Editoria

Dados disponibilizados pelo Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena mostram que em Mato Grosso 77 indígenas foram vítimas do novo coronavírus. Ao todo, a pandemia afetou 13 etnias no estado, sendo a Xavante a que mais perdeu integrantes (47 mortes). O maior índice de mortos está em Barra do Garças (16). Mato Grosso é o terceiro estado brasileiro que mais registrou mortes entre os povos indígenas, ficando atrás somente do Amazonas (182 óbitos) e Pará (85).

Entre os Xavantes mortos está o cacique Domingos Mahoro (60), que faleceu no último dia 6, depois de esperar mais de três dias por um leito de Unidade de Terapia Intensiva. Ele era da terra indígena de Sangradouro, na região de General Carneiro.

Além dos Xavantes, mortes também foram registradas entre os Bororo, Apyamã Tapirapé, Kurâ Bakairi, Kalapalo, Umitina, Chiquitano, Kayabi, Yawalapiti, Nahukuá, Erikbaktsa, Pareci e Kamayurá. No dia 26 de junho foram registradas 8 mortes em Mato Grosso. 

Até o momento, foram verificadas no Brasil 612 mortes de indígenas e 21.217 casos de contaminação. São 145 etnias afetadas. Dia 9 de julho foi considerada a data com maior concentração de mortes: 29 ao todo, conforme o Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena.

O primeiro caso confirmado de contaminação por Covid-19 entre indígenas brasileiros foi de uma jovem de 20 anos do povo Kokama, no dia 25 de março, no município amazonense Santo Antônio do Içá. O contágio foi feito por um médico vindo de São Paulo a serviço da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), que estava infectado com o vírus, segundo informações da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Hoje os Kokama são os mais afetados em casos de mortes.

Fonte: Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena

gráfico indígenas mortes

 

Combate nas aldeias

O Governo de Mato Grosso passou a integrar uma operação conjunta de combate ao coronavírus na etnia Xavante no último dia 28. Os esforços se concentram na Aldeona, localizada a 90 km do município de Campinápolis. A iniciativa, que ocorrerá em três etapas, é fruto de uma parceria entre a Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, o Ministério da Defesa e a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT).

A primeira fase da ação de enfrentamento ao coronavírus em território Xavante será realizada até 03 de agosto e contempla oito aldeias localizadas nas mediações de Campinápolis e São Marcos, com uma estimativa de até 1,8 mil atendimentos. Nesta etapa, a ação ainda conta com o apoio das Prefeituras de Barra do Garças e Campinápolis.

“Estamos aqui, na comunidade do Aldeão, em parceria com o Governo Federal e disponibilizamos a Unidade Móvel de Imunização da SES para vacinas e testes", disse o secretário Estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, que acompanhou presencialmente o atendimento na aldeia.

Nas três fases da operação, de acordo com o planejamento estratégico, é estimado um total de 8,9 mil atendimentos exclusivos à população indígena durante as três fases da ação; a região conta com aproximadamente 22 mil índios.

“O Governo Federal tem que incentivar a solidariedade [ao povo indígena], porque nós temos carência de locomoção nesta região. Fico emocionado, fico satisfeito por esses profissionais que chegaram neste local”, declarou o cacique da comunidade de Aldeona, Orlindo Uire Urebe.

Para realizar o exame Covid-19 na população indígena, o Governo de Mato Grosso remeteu 2 mil kits de testes rápidos e 2 mil kits de medicamentos para o tratamento do coronavírus. Além disso, a Saúde Estadual destinou uma equipe técnica para atuar na operação.

A ação de enfrentamento à Covid-19 nas aldeias de Mato Grosso ainda terá outras duas etapas. A segunda fase ocorrerá entre os dias 3 e 9 de agosto e contemplará os polos de Água Boa e Marãiwatséde. Já a terceira fase da operação acontecerá de 10 a 16 de agosto, no polo da Terra Indígena de Sangradouro, na região de Barra do Garças.

O cronograma da Sesai foi elaborado com base nos perfis epidemiológicos das regiões indígenas e prevê que a ação também contemple a Região do Xingu em Mato Grosso.

Conforme informações disponibilizadas pelo Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso conta 42.538 indígenas, sendo que 80% da população da cidade de Campinápolis (7.621) é composta por índios. A segunda cidade com maior concentração de indígenas é Barra do Garças (3.487) e a terceira Gaúcha do Norte (2.025).



Comente esta notícia

Nossa República é editado pela Newspaper Reporter Comunicação Eireli Ltda, com sede fiscal
na Av. F, 344, Sala 301, Jardim Aclimação, Cuiabá. Distribuição de Conteúdo: Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Nova Brasilândia e Primavera do Leste, CEP 78050-242

Redação: Avenida Rio da Casca, 525, Bom Clima, Chapada dos Guimarães (MT) Comercial: Av. Historiador Rubens de Mendonça, nº 2000, 12º andar, sala 1206, Centro Empresarial Cuiabá

[email protected]/[email protected]

icon-facebook-red.png icon-youtube-red.png icon-instagram-red.png icon-twitter-white.png