A decisão de instalar um rodízio de veículos e CPFs em Cuiabá, anunciada na noite de quinta-feira (02) pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), pegou a sociedade de surpresa e, como não poderia deixar de ser, causou polêmica entre cidadãos e entidades de diferentes setores da economia, em especial do comércio e indústria. O gestor pode recuar das medidas e manter apenas o toque de recolher na cidade.
O decreto 7.975/2020 estabelece o rodízio de veículos e de atendimento nos estabelecimentos comerciais a partir de segunda-feira (06). Já o toque de recolher, antecipado para as 20h até as 5h, entra em vigor nessa sexta (03). As restrições seguem até o dia 20 desse mês.
Representantes do setor liderados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomercio) se reuniram com a chefia de gabinete da prefeitura de Cuiabá na manhã de hoje para levar à administração pública o descontentamento da categoria, que é geral.
“Temos que ser ouvidos, temos que estar junto com vocês nessa luta e não sermos mais um na luta contra vocês”, ressalta Cássio Catena, presidente da Associação de Supermercados de Mato Grosso.
Um dos primeiros a se posicionar contra o decreto ainda na noite de quinta-feira, o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo Oliveira, disse que os mais de 100 dias que já se passaram desde que foi anunciada a pandemia de Covid-19 deveriam ter sido utilizados para que a Capital se preparasse para o pico da doença, o que não aconteceu.
“Houve pouco diálogo do poder público com os cidadãos e com os setores da sociedade sobre as medidas que poderiam e seriam adotadas durante esse período tão crítico para a saúde do município e do Estado”.
Na opinião de Oliveira, nesse momento medidas estão sendo tomadas sem nenhum aviso prévio, o que fere o planejamento de vida de muitas pessoas, dificulta a atuação das empresas e prejudica a atividade econômica, impactada há mais de três meses por processos sucessivos de fechamento de setores econômicos e da sociedade.
Representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL) também apontaram a falta de diálogo como um dos principais entraves em um cenário inédito no mundo, repleto de incertezas e dificuldades. Avaliaram ainda ser imprescindível a união de todos os segmentos envolvidos e interessados na solução do problema sem que haja prejuízos ao atendimento à saúde da população. Por isso são a favor da suspensão do rodízio.
“Precisamos ter mais tempo para analisar a real eficácia de algumas medidas anunciadas no decreto. O rodízio de carros, por exemplo, foi um real desastre em São Paulo, aglomerando ainda mais gente dentro dos veículos”, alertou Gustavo de Oliveira.
Em nota a prefeitura informou que “o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, reitera que manterá o diálogo com a sociedade em geral quanto ao decreto 7.975/2020 buscando sempre as melhores estratégias para o combate à disseminação da Covid-19”.
Segundo o chefe de gabinete da prefeitura de Cuiabá, Antonio Monreal Neto, haverá uma nova reunião com o setor produtivo o mais breve possível para que haja uma decisão conjunta a respeito de novas medidas a serem tomadas no combate à pandemia na Capital. Por enquanto, seguem válidos os termos da decisão do juiz José Leite Lindote, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Várzea Grande, que impôs o lockdown em Cuiabá e Várzea Grande até o dia 09 desse mês.
Veja o vídeo divulgado pela Fiemt