A medida, que atinge um secretário do Ministério da Saúde e um ex-assessor da pasta, foi justificada pela suposta cumplicidade com o trabalho forçado de Cuba. O ministro Alexandre Padilha defendeu o programa e declarou que a soberania nacional não será negociada.
O governo dos Estados Unidos revogou os vistos de dois funcionários do governo brasileiro envolvidos com o programa Mais Médicos, alegando que ambos foram cúmplices em um esquema de trabalho forçado imposto por Cuba. Em resposta, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu a iniciativa e a soberania do país, segundo informações divulgadas pela Agência Brasil.
Em uma postagem em suas redes sociais, o ministro afirmou que “saúde e soberania não se negociam” e que o programa brasileiro “sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja”. Padilha também comparou a situação ao sistema de pagamento Pix, que, segundo ele, também já foi alvo de críticas da gestão do ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Os funcionários que tiveram os vistos revogados são Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais da pasta e atual coordenador-geral para a COP30. A medida se estende também aos familiares de ambos.
De acordo com um comunicado do governo dos Estados Unidos, a justificativa para a sanção é o papel que os dois desempenharam na implementação do Mais Médicos enquanto atuavam no Ministério da Saúde, sendo considerados “cúmplices com o trabalho forçado do governo cubano” por meio do programa.
Padilha declarou que o governo brasileiro não irá se curvar a pressões externas. “Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das pessoas fundamentais para o Mais Médicos na minha primeira gestão como Ministro da Saúde, Mozart Sales e Alberto Kleiman”, afirmou.
O ministro também destacou a importância do programa para a população, mencionando que “o programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”. Além disso, informou que, nos últimos dois anos, o número de profissionais atuando na iniciativa dobrou.
“Temos muito orgulho de todo esse legado que leva atendimento médico para milhões de brasileiros que antes não tinham acesso à saúde”, disse o ministro, que concluiu sua manifestação reforçando o compromisso do governo. “Sempre estaremos do lado do povo brasileiro”.
Criado em 2013, o Programa Mais Médicos foi desenvolvido com o objetivo de levar profissionais de saúde a regiões remotas, de difícil acesso e com alta vulnerabilidade social. Em sua fase inicial, o programa contou com médicos cubanos contratados por meio de um acordo de cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que vigorou até 2018.
Em 2023, o governo federal retomou a iniciativa, rebatizada de “Mais Médicos para o Brasil”. A nova versão do programa prioriza a contratação de profissionais brasileiros e expandiu sua atuação, abrindo vagas para outras áreas da saúde, como odontologia, enfermagem e assistência social.