Milhares de pessoas foram às ruas em todo o Brasil neste domingo (21) para protestar contra um projeto de anistia para condenados por tentativa de golpe de Estado e contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) conhecida como "PEC da Blindagem". As informações são da Agência Brasil, com base na cobertura dos jornalistas Flávia Albuquerque, Ana Cristina Campos e Lucas Pordeus León, e de outros veículos de imprensa.
Os atos ocorreram em 33 cidades, abrangendo todas as capitais brasileiras. As maiores concentrações foram registradas em São Paulo, na Avenida Paulista, e no Rio de Janeiro, na Praia de Copacabana. Outras grandes cidades como Salvador, Recife, Belo Horizonte e Brasília também tiveram manifestações expressivas.
Em São Paulo, uma estimativa do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), apontou a presença de aproximadamente 42,4 mil pessoas. Com palavras de ordem como "Sem Anistia" e críticas ao Congresso Nacional, os manifestantes se posicionaram contra as propostas em tramitação.No Rio de Janeiro, o mesmo monitoramento da USP estimou um público de 41,8 mil pessoas. O evento em Copacabana contou com a participação de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Paulinho da Viola e Djavan, que se apresentaram em um ato musical.
Durante sua participação, Caetano Veloso afirmou que "não podemos deixar de responder aos horrores que vêm se insinuando à nossa volta". Gilberto Gil, por sua vez, lembrou que o país já enfrentou desafios semelhantes em sua história, declarando que "passamos por momentos parecidos sempre em busca da autonomia, o bem maior do nosso povo".
Em outras capitais, a mobilização também reuniu personalidades. Em Salvador, a cantora Daniela Mercury e o ator Wagner Moura participaram do protesto na Barra. Em Belo Horizonte, manifestantes se concentraram na Praça Raul Soares com a presença de artistas como Fernanda Takai, da banda Pato Fu. Em Belém, o ator Marco Nanini marcou presença no ato na Praça da República.As manifestações foram convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que articulam movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda e centro-esquerda, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou os protestos em suas redes sociais, afirmando que "as manifestações mostram que a população não quer impunidade ou anistia".
Entenda as pautas
A chamada "PEC da Blindagem" foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira (16) e agora segue para análise do Senado. A proposta altera a Constituição para exigir uma autorização prévia da Câmara ou do Senado para que o Poder Judiciário possa abrir processos criminais contra deputados e senadores.Paralelamente, a Câmara dos Deputados também aprovou a aceleração da tramitação de um projeto de lei que pode conceder anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a seus aliados, já condenados por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.
Entre os manifestantes em São Paulo, o professor universitário Reginaldo Cordeiro de Santos Júnior declarou estar na luta "pela democracia contra a PEC da Blindagem, na luta contra todo o retrocesso do que foi conquistado em 1988".
A professora aposentada Miriam Abramo, de 75 anos, expressou seu temor com o cenário político. "Eu vivi a época na qual você não tinha direitos de nada. Eu votei pela primeira vez para presidente da República quando eu tinha 40 anos e eu não quero que essa juventude espere ter 40 anos para poder escolher seu presidente novamente", disse.
Renato Tambellini, professor de artes marciais, levou a filha de 12 anos ao ato para mostrar a importância da participação popular. "Explico a eles que é preciso se mobilizar, reivindicar direitos. E nesse momento é imprescindível, com a gente saindo de uma tentativa de golpe", afirmou.A perspectiva dos povos originários foi trazida por Tamikuã Txih, do povo Pataxó. "Precisamos dizer que nós não aprovamos a PEC da Blindagem. Nós não podemos aceitar as grandes atrocidades que o Congresso ou que os futuros parlamentares venham a fazer saindo impunes", defendeu.
No Rio de Janeiro, o estudante Caio dos Santos, de 16 anos, considerou a PEC "um total desrespeito com a nossa cara. O povo brasileiro não pode assistir calado o que estão fazendo".
O policial penal aposentado Edson Enio Martins Tonnel, de 75 anos, também protestou em Copacabana. "Se a gente não reagir, a Câmara vai se tornar um antro de bandidos. Eu acho que, essa PEC, o Senado deve barrar", opinou.
Referências
agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2025-09/em-todo-pais-milhares-protestam-contra-anistia-e-pec-da-blindagem{target="_blank"}
www.reuters.com/world/americas/brazilians-protest-efforts-shield-bolsonaro-lawmakers-courts-2025-09-21/{target="_blank"}
apnews.com/article/d4ce20e61caaafc31990367c9c96c56c{target="_blank"}
www.infomoney.com.br/politica/manifestantes-protestam-ao-menos-em-sete-capitais-contra-pec-da-blindagem-e-anistia/{target="_blank"}
www.poder360.com.br/poder-brasil/veja-imagens-de-atos-pelo-brasil-contra-anistia-e-pec-da-blindagem/{target="_blank"}






