A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta quarta-feira (10), a Operação Tempo Extra, com o objetivo de desarticular a atuação de uma facção criminosa no estado, supostamente envolvida em movimentações financeiras milionárias ligadas ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro. As informações foram fornecidas pela assessoria da Polícia Civil-MT e divulgadas pela Secretaria de Comunicação do Estado (Secom-MT).
A investigação, conduzida pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco), apura os crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Durante a ação, foram cumpridas 15 ordens judiciais expedidas pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juízo das Garantias. Entre os mandados, constam uma prisão preventiva, 10 de busca e apreensão, três de sequestro de veículos e uma suspensão de atividade econômica. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 1 milhão em contas bancárias ligadas aos investigados.
A operação integra o planejamento estratégico da Polícia Civil, por meio da Operação Inter Partes, inserida no programa Tolerância Zero, do Governo de Mato Grosso. O trabalho também faz parte das ações da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim).
As investigações apontam que os principais alvos da Operação Tempo Extra já haviam sido investigados na Operação Apito Final, deflagrada em abril de 2024. As apurações indicaram que, mesmo após a prisão de seu líder na operação anterior, o grupo criminoso continuou com suas atividades.
Um dos alvos do mandado de prisão preventiva, identificado como J.I.K.J., é apontado como um dos articuladores da continuidade das operações ilícitas. Segundo a polícia, ele teria assumido a responsabilidade de "ritmar" uma área em Cuiabá.
O termo, conforme a investigação, significa organizar e coordenar a distribuição e venda de drogas, além de cadastrar novos integrantes para o grupo, com o objetivo de otimizar os lucros e minimizar riscos de prejuízos.
Ainda de acordo com a apuração, o investigado desempenhou um papel estratégico na reestruturação financeira da facção após os bloqueios e prisões da Operação Apito Final. Ele também seria responsável por auxiliar na fuga de comparsas, atuando como um suporte logístico para os criminosos.
As autoridades identificaram que o grupo continuou a lavar dinheiro proveniente de crimes por meio da movimentação de recursos ilícitos, utilizando empresas de fachada e adquirindo veículos de alto valor para ocultar a origem dos valores.
Entenda a Operação Apito Final
Deflagrada em abril de 2024 pela GCCO/Draco, a Operação Apito Final revelou um esquema de lavagem de dinheiro estimado em mais de R$ 65 milhões. Naquela ocasião, foram cumpridas 54 ordens judiciais, que resultaram no sequestro de 45 veículos e na indisponibilidade de 33 imóveis.
A investigação, que durou dois anos, apontou que o alvo principal utilizava diversas pessoas — incluindo amigos, familiares e advogados que atuavam como "laranjas" — para adquirir imóveis, comprar e vender carros e atuar na locação de veículos com dinheiro de origem criminosa.
A Operação Tempo Extra é considerada uma extensão direta da Apito Final, uma vez que os alvos de ambas são praticamente os mesmos, o que, para a polícia, reforça a tese de continuidade das atividades criminosas pelo grupo.
A nova ofensiva busca, segundo a Polícia Civil, asfixiar financeiramente a organização criminosa, impedindo que ela se reestruture e retome o controle de áreas estratégicas para o tráfico de drogas e a lavagem de capitais no estado.