BLOG DO MAURO Sexta-feira, 12 de Setembro de 2025, 09:46 - A | A

Sexta-feira, 12 de Setembro de 2025, 09h:46 - A | A

DEFESA NECESSÁRIA

A conspiração foi condenada, mas a luta pela democracia continua

Mauro Camargo

A condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão não foi o fim. Foi o ápice de uma conspiração. Por anos, uma trama para implodir a democracia brasileira foi tecida nos bastidores do poder. O Supremo Tribunal Federal não apenas sentenciou um ex-presidente; ele expôs as engrenagens de um plano golpista.

A decisão foi cirúrgica. Com base em provas irrefutáveis, o STF desmontou a narrativa de que tudo não passou de um impulso. A ministra Cármen Lúcia resumiu o consenso da Corte: havia um "plano organizado" para rasgar a Constituição. A Justiça deu nomes aos bois e mostrou que a República tem defesas.

E os nomes são um retrato do núcleo do poder bolsonarista. A lista de condenados parece a escalação de um governo: generais, um almirante, ex-ministros. Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Almir Garnier, Anderson Torres, Alexandre Ramagem e Mauro Cid. A conspiração não foi um ato solitário. Foi um projeto de poder com gente fardada e de terno.

Mas a trama não se limitou aos corredores do Palácio do Planalto. Partidos políticos com assento no Congresso Nacional e em Assembleias Legislativas pelo país afora deram suporte ativo ao plano golpista. Parlamentares eleitos, que deveriam ser guardiões da democracia, tornaram-se cúmplices de uma tentativa de subversão da ordem constitucional.

Esses políticos, em vez de representarem os interesses do Brasil, optaram por apoiar uma agenda autoritária, conservadora nos costumes e imoral na manipulação de uma massa de cidadãos vulneráveis. O mandato popular foi usado como escudo para proteger um ataque direto ao próprio sistema que os elegeu.

Além dos políticos, líderes religiosos também desempenharam um papel relevante nessa conspiração. Pseudorreligiosos, aproveitando-se da fé e da boa-fé de milhares de incautos, manipularam suas congregações para apoiar o golpe. Eles transformaram templos em palanques políticos, distorcendo mensagens espirituais para justificar ações antidemocráticas.

Esses "vendilhões dos templos" não apenas exploraram financeiramente seus seguidores por meio de “dízimos”. Eles foram além. Usaram pessoas como massa de manobra para as ambições políticas de uma elite sedenta por poder.

Os fiéis se tornaram, na definição lembrada e reiterada ao longo do julgamento, "bucha de canhão". Foram jogados na linha de frente para defender um projeto que em nada se conectava com sua fé, mas servia perfeitamente aos interesses de quem os conduzia.

A decisão do STF ecoou pelo mundo. Jornais como o Financial Times e o El País não trataram o caso como uma notícia qualquer. Viram o Brasil como um exemplo na luta global contra o extremismo de direita. Nossa democracia cambaleou, mas não caiu. E, ao punir os responsáveis, mostrou ao mundo que é possível resistir.

Mas a batalha pela democracia continua. Agora, ela tem um novo campo: o Congresso Nacional. Lá, aliados dos golpistas trabalham para aprovar leis que garantam a impunidade e revertam avanços. A guerra não é mais nos quartéis ou nas praças. É nos corredores de Brasília, no jogo sujo da política.

O apoio do governo de Donald Trump à extrema direita brasileira, com ameaças de sanções e ataques à nossa soberania, foi o combustível que incendeia o cenário. Uma potência estrangeira tenta ditar as regras do nosso jogo democrático. E isso não pode ser admitido. Não é uma questão de ideologia, mas de soberania.

O futuro está em aberto. A sobrevivência da nossa democracia depende de uma vigilância absoluta. Depende de eleições livres, sem o veneno das fake news, das milícias digitais e da manipulação das redes sociais.

A resposta ao ódio não é mais ódio. É inteligência. É voto. É a sabedoria para escolher, em 2026, um Congresso que sirva ao país, e não a um projeto autoritário. A conspiração foi condenada. Agora, cabe a cada cidadão garantir que ela jamais se repita.

Fica aqui o alerta: esta extrema direita que dividiu o País, separou famílias e amigos pelo radicalismo, tem um projeto claro, apesar da prisão de Bolsonaro: Quer que o resultado das eleições de 2026 amplie ainda mais a maioria parlamentar na Câmara e no Senado. Quer o Congresso não apenas impedindo um eventual adversário que vença as eleições presidenciais de governar. Quer ele mesmo, o Parlamento, governando o País, substituindo o Executivo e reprimindo o Judiciário. Pense nisso!



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