A advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, 48 anos, foi morta por asfixia e espancamento. É o que aponta a Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que prendeu em flagrante o ex-policial militar Almir dos Reis como suspeito do assassinato. O crime é tratado como feminicídio. O corpo de Cristiane foi encontrado dentro do próprio carro da vítima, no Parque das Águas, em Cuiabá. Para disfarçar a morte, Almir teria colocado um óculos escuro no cadáver.
Conforme a Polícia Civil, Cristiane apresentava várias lesões aparentes por espancamento e foi morta por asfixia. O suspeito, de 49 anos, havia conhecido a vítima no dia do crime e ao chegar à Delegacia afirmou que o episódio seria fruto de um "acidente". Almir já foi preso em 2013, por envolvimento no roubo de combustíveis e acabou expulso da Polícia Militar em 2015.
As investigações policiais iniciaram por volta das 15 horas de domingo, após equipe da DHPP ser acionada para realizar a liberação do corpo de Cristiane em um hospital para onde foi levado pelo irmão, dando entrada na unidade por volta das 14h25, já sem vida.
Segundo as investigações, a vítima passou a tarde de sábado em um churrasco com a família e amigos e por volta das 22 horas foi com o seu carro até um bar, nas proximidades da Arena Pantanal. No local, a vítima conheceu um homem com quem teria deixado o local, por volta das 23h30.
Após o fato, os familiares não conseguiram mais contato com a vítima, que também não dormiu em casa. Preocupado com o paradeiro de Cristiane, o irmão dela acessou um aplicativo que indicou que o celular dela estaria no Parque das Águas. No local, o corpo da vítima foi encontrado dentro do seu veículo Jeep, no banco do passageiro, já sem vida, sendo encaminhada ao hospital.
Com base nas informações, os policiais deram início às buscas, chegando até o último local em que a vítima esteve, antes da morte, uma residência no bairro Santa Amália. Por meio de imagens de câmeras de segurança foi possível ver o veículo da vítima saindo do endereço, na parte da manhã, com o suspeito na direção.
Na residência, os policiais realizaram a abordagem do suspeito, que confessou ter dormido com a vítima, porém, apresentou diversas contradições sobre os fatos posteriores e o envolvimento no crime de feminicídio. Na casa, os policiais da DHPP, do IML e da Criminalística colheram diversos indícios da autoria do suspeito no crime.
Diante dos fatos, o investigado foi conduzido à DHPP, onde é interrogado na manhã desta segunda-feira (14) pelos delegados Marcel Gomes de Oliveira e Ricardo Franco e será autuado em flagrante por feminicídio.
“Foi um crime bárbaro que ficou caracterizado pelo feminicídio praticado em razão do gênero da vítima, sendo a vítima espancada e asfixiada até a morte pelo fato de ser mulher”, disse Marcel Oliveira.
O crime acontece em pleno Agosto Lilás, mês de conscientização pelo fim da violência contra as mulheres. Conforme dados do diagnóstico "Mortes de Violência de Mulheres e Meninas em Mato Grosso", da Polícia Judiciária Civil, até o dia 3 agosto 18 mulheres foram mortas no estado em decorrência da violência de gênero, violência doméstica e familiar, menospreso ou discriminaçào à condição de serem do sexo feminino, como é caracterizado esse tipo de crime.
Diante do fato, a OAB-MT requer uma resposta célere para mais esta morte violenta. "Neste momento de dor e tristeza, a Ordem dos Advogados manifesta extremo pesar e estende condolências a todos os familiares e amigos da vítima", diz nota publicada pela instituição.